12 de abril de 2012

Primeiro esboço de uma receita para se desapaixonar

Praça da Igreja da Consolação - Venezuela
Por raguilera2010



Acostuma-te a abraçar a distância e o não-me-toques de quem amas
Porque se só sabes abraçar o carinho e a receptividade, qual a tua recompensa?
Rouba 70 vezes 12 hectogramas de da mais bela palavra que couber na indizibilidade
E dá de presente ao silêncio de quem amaste-e-amas
Divida a solidão pelo tédio
E descubra que o resto desta conta é a vontade de estar pra sempre com quem amas
Quando este quem te virar as costas, lembra-te de quão maravilhoso é saber
Que o rosto mais lindo permanece ali no verso da página da indiferença
Aproveita que ele te virou as costas e atenta para a nuca
Acredita, a nuca tem um sabor lindo para paladares refinados,
Que sabem experimentar os detalhes sórdidos

Dá carta de alforria ao tempo e ao espaço
Também é lindo experimentar quem amas degustando despreocupadamente
Sua solidão e seu não estar nem aí nem aqui nem lá nem au delà
Acrescenta verde-esperança e gris-enigma brotados do joelho distraído de Deus
Solta um pássaro, pois a receita só estará no ponto quando este ponto for a busca da liberdade

Abre o pote-sentimento de quem amaste-amas-e-amarás
E pega doçura escondida na chatice,
Cafuné escondido na amargura,
Cheiro-verde escondido no chulé
Sal de algum sorriso
Consolo de alguma lágrima
E uma pérola guardada no abraço-concha
Mistura tudo com a colher da boa-vontade
Usa do gesto de se dar as mãos
Usa-o a gosto, setembro, outubro, enfim
Sem fim, aleluia!

Pronto, depois de fazer tudo isso, estarás desapaixonado!
Lava-te ao forno e espera até que a despaixão se doure d’amour
Sirva-se quente e gelado
Pois, o amor em si mesmo
Traz uma pitada de falta de lógica
Come e é comido
Essa receita rende e rende-se.



Love, thy will be done - Martika


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