31 de dezembro de 2012

A Esperança que calçou o sorriso do Ano Novo





A Esperança que calçou o sorriso do Ano Novo

Um poema de Cerevenise Stür


Esperança minha, que tenta se equilibrar
Um dos pés calçado num mundo imenso, enfeitado de vida inteira pela frente
O outro calça o menor dos mundos, azeitado pelo tempo que não retorna
E, mesmo desengonçada, calçada por mundos tão díspares
A esperança me surpreende com sua elegância e desenvoltura
Ela adquiriu este traquejo ao ver a Virgem Mãe esmagar a cabeça da serpente,
Cujo veneno era o abandono da capacidade de crer que o veio do coração humano
Sempre tem uma pedra rara cravada no grotão de seu mistério: pedra furta-cor,
Que oscila entre tons de maravilhamento e tons de dor
A esperança assistiu ao caminhar de um Menino no calvário
Ele trazia uma pomba branca equilibrada no seu doce olhar
Todo horror e cruz se curvavam diante daquela pomba e daquele mar
Porque aos pés do Homem que carregava a cruz
Estava uma Criança a espera de um abraço
As mãos daquele Pequeno Rei eram o refúgio onde a balança
Encontrava a calibragem da Justiça,
Os arco-íris o candor da Aliança
E as mãos dadas a mesura da Paz
O mundo pequeno dos enormes desesperos tenta plantar queda nos pés da Esperança
Mas, o sorriso do Ano Novo que respira a inocência do Menino
Descobre uma tempestade de ressurreição radiante
No último suspiro do Homem
E desta inesperada nascente
A esperança encontrou forças para se reequilibrar
E terminar o desfile mais elegante do que os nuncas ,os sempres e os talvezes
Foi quando a queda se deu conta de que havia trocado a nudez da solidão e do medo
Por uma veste ornada com 365 motivos para ficar de pé
Foi aí que a Esperança entendeu
Que a queda era uma pista de decolagem para seu voo
E, assim, partiu do nosso coração, que era de Jesus, que era do Homem, que era do Menino
Coração que era mapa de um tesouro que podemos inventar com as cores frescas da Lua,
Imersa em uma luz que lhe é própria porque se doou por completo
Oração que era a chama de um  honesto Pulsar
Era e há de ser...

29 de dezembro de 2012

Que bom que Françoise Hardy não desistiu de amar loucamente


Capa do mais recente disco de Françoise Hardy

Em 1988, a cantora francesa, Françoise Hardy, havia anunciado o final de sua carreira. Mas, como todo bom romântico, ela tratou de convencer o apocalipse a mudar de ideia e deixar o fim para outro lendemain qualquer. Desde então gravou pelo menos quatro vezes, tendo seu disco mais recente, L’amour fou, sido lançado mês passado.

As músicas de Hardy resistem à tentação pós-moderna de colonizar o único terreno que ainda resta livre das naus da racionalização: o terreno da incerteza e da surpresa ou, em outras palavras, o terreno do coração.

De alguma forma, são canções que nos desafiam a nos reacostumarmos com a dose de mistério e loucura necessária à manutenção da própria racionalidade. Não seria isto a poesia: um convite ao sincretismo entre a loucura e a racionalidade que nos habitam? Não seria o esforço de divorciar estes dois entes que os tornariam ilhas inóspitas e altamente perigosas? 

Parecemos estar plenamente adaptados à inconstância e à efemeridade, mas agimos como se todas as relações pudessem ser um esquema onde fossem conhecidos todos os liames entre passado, presente e futuro. O ciclo das mudanças gira cada vez mais rápido, mas somos imaturos em lidar com o risco que é inerente aos relacionamentos. Em vez de fazer do risco um momento de prazer suscitado pelo esforço conjunto de elaborar novas etapas das relações, preferimos fazer do sintoma motivo para enterrar o doente antes mesmo que ele morra.

Somos analfabetos no que se refere ao enfrentamento de riscos.  Por nos acharmos capazes de aparar todas as arestas da incerteza, a frustração mínima se torna motivo de deflagração do Apocalipse. Achamo-nos pés no chão, uma geração que, ao contrário das anteriores, não é mais escrava da transcendência, tendo descoberto enfim como usufruir a realidade, a concretude. Mas, o que há de mais impalpável e transcendental do que o fetiche do “fim”, do que buscar num beijo não a boca que se beija, mas todas as outras que porventura poderiam, talvez, ser beijadas?

Existe um abismo entre o que buscamos e o que achamos no outro. Novidade nenhuma... O que é novo, na mesmice que fere a poesia de Françoise Hardy é a pergunta: “Como lidar com o desafio constante de amarmos numa pessoa aquilo que não sabemos ao certo se é a pessoa?”

alvez o neorromantismo de Françoise Hardy procure um campo para enfrentar este questionamento, que não sejam as miragens igualmente transcendentais do eterno e do efêmero.

Pour quoi vou?
Françoise Hardy
J’ignore si ce que j'aime en vous
C'est vous
Mes idées deviennent floues
Je suis à bout
Pourquoi vous ?
Et ce vertige qui me prend tout à coup
Il me viendrait d’où ?
De moi ou
De vous ?
Je me sens vraiment en dessous de tout
Je ne tiens plus bien debout
Sans doute
Un coup
De grisou
Inutile de me mettre en joue
J'avoue
Comme un arrière-goût
D'amour fou
Tabou
N'essayez pas de m'arracher
La moindre bribe du moindre regret
Lever le voile pourrait gâcher
Tout ce qui nous lie de loin pour de près
Je ne viendrai jamais à bout
De flou
Qui brouille mes vœux sur vous
Mais si j’échoue
On s'en fout
Se peut-il qu'il y a l'un de nous
Qui joue
À tendre l'autre joue
Si c'est vous
J'absous
Vous resterez au grand jamais
Le plus brûlant de tous mes secrets
Nous resterons au grand jamais
Loin l'un de l'autre et pourtant tellement près

24 de dezembro de 2012

Quando Jesus nasceu para se tornar o terceiro batimento do coração humano


Manuel da Costa Ataíde - A Virgem Entrega o Menino Jesus a Santo Antônio

O menino Jesus e os três batimentos cardíacos

Um poema de Jose Luis Paredis

O Menino Jesus não mentiu
Ele já tinha a idade do tempo sem tempo
Quando viu os pentes das metralhadoras sorrindo e zombando da paz
Em seguida assistiu a um efeito do Photoshop clarear os dentes de uma pessoa
Em agonia
Dentes claros de um ser humano grávido da fome
(Os filhos da fome não são jamais órfãos
O pai da criança – a indiferença – deu-lhes seu sobrenome,
E o pequenino Cristo, com sua perfeita acuidade visual,
Penou para identificar aquele nome borrado por debaixo das águas trêmulas,
Sacudidas pelas centenas de mãos de Pôncios Pilatos que tentavam se limpar
Com o choro contido daquelas mulheres que eram obrigadas a escolher entre chorar ou
Continuar vivas

Mas, o Menino Jesus não mentiu
Olhou para o cálice amargo e para a cruz
Sua intuição de mágico lhe dizia
Que aqueles rios de dores não conseguiriam extinguir
O mar da ressurreição
Para o qual o leito das esperanças, com o mais sutil vigor (ou vigorosa sutileza),
Abre caminho

O Menino Jesus não mentiu
Ele não era mais capaz de desistir do ser humano
Após vê-lo vestido em rios de dores
Rios rudes e ásperos
Cachoeiras de desertos a escorrer
Dos pesados montes que traziam sobre os ombros
Mas, o coração humano, que batia uma vez para a indiferença
E outra para a misericórdia
Escorria, por uma ferida aberta, um rio secreto de cura
E de uma alegria que, mesmo durando um só segundo,
Fez, faz e fará todos os tempos descobrirem que nunca estiveram sozinhos
E que valeria a pena nascer
Desde que fosse para combater o bom combate ao som
Da batida daquela uma vez que o coração humano batia
Para fazer corar de vergonha a batida intrusa da indiferença

O Menino Jesus não mentiu quando disse
Que trocaria a vida
Para fazer o peito humano bater
Em compasso Ternário
E, assim, nasceu e se fez a Terceira e Decisiva batida
do coração
O Menino Deus não mentiu quando nasceu para descobrir, no silêncio, que
Esse terceiro batimento cardíaco se chamava amor.

* Meu Feliz Natal a Alguém Nobre

20 de dezembro de 2012

As estranhas vontades de nossos amigos para antes do fim do mundo

Calendário Maia 

Chego quase à conclusão (visto que um libriano conclusivo é um libriano doente!) de que o fim do mundo é um tipo de gênio da lâmpada a esperar ansiosamente que confessemos vontades estranhas. E, como é sabido por quem bem o sabe, a estranheza tem um lado encantador e surpreendente. Digo isso ao lembrar vontades de amigos meus, inspiradas pelos últimos suspiros do calendário maia. A seguir, listo algumas:

Anderson Lima – vontade de encontrar a receita da piada perfeita e convencer a todos que o riso é mais forte que a vergonha

Anuska Vaz - vontade de reler Os Maias, de Eça de Queiroz, e de, por meio de sua impressionante fotogenia (de Anuska e não de Eça :P), fazer o fim do mundo sair com cara de recomeço na foto de primeira página da Esperança.

Amós Andrade - vontade de fazer da simpatia uma dízima periódica, terminada em 99999999999...

Aline Figueiroa - arquitetar uma vingança de raios lunares em cada jardim de Burle Marx, onde não mais fizesse sentido proibir nenhum fruto.

Igor Bandim – vontade de plantar um livro e escrever uma árvore e, antes e depois, compartilhar estas vitórias com os amigos que, mesmo longe, sempre são próximos. Vontade de ler nossas dores secretas até inventar um título que seja capaz de curá-las.

Leonardo Sodré - transformar o azul do céu ou dos mares num tatame (um tato que ame) onde o Aikido possa praticar as pessoas

Boris da Aliança- criar um manual ensinando os franceses a serem o melhor dos brasileiros e os brasileiros o melhor dos franceses.

Marcelo Diniz - ensinar todo aquele que está prestes a cair a se reerguer como um aikidoca e a vencer como um cavalheiro.

Felipe Simões - unir as esferas do dragão para fazer uma festa comemorando sua alforria

Sabryna do Aikidô- fazer de cada nota musical um espetáculo, dos sustenidos mágica e dos bemóis milagres e de toda essa sinfonia plateia que aplaude o coração humano.

Paulo Gurgel - transformar a pobreza num sonho que acorda desabrochado em flor de esperança, solidariedade e paz

Paulo Ricardo Almeida - apagar os incêndios de Ribeirão Preto e do Mundo e convidar a fé e a doçura para andarem na garupa do Grand Canyon ao longo de uma motocicleta.

Renata Scarpin - multiplicar pela clave de sol a luz do Espírito Santo e refleti-la mundo a fora no sorriso da fé.

Mário Daher - ser milionário o suficiente para poder fazer doações a todos os continentes até que a desigualdade se renda ao charme do Aikidô.

Dyego Holanda - escalar o Everest para dar um abraço caloroso no coelho da Duracell e juntos fazerem uma oração pela paz mundial.

Ana Geny - dividir o último gole de alegria infinita com a sedenta justiça.

Carla Araújo - vontade de dar um abração bem apertado no Visconde Partido ao Meio.

Delzuita dos Prazeres Lima - vontade de participar de um passeio ciclístico em Nibiru e ganhar como medalha a paz mundial.

Everson Cavalcanti - vontade de, com categoria, sair correndo, ao mesmo tempo, nu e de sunga branca pelas ruas recifenses. Isso pra servir de exemplo aos que anseiam despir-se dos invisíveis grilhões.

Fábio Soares Nunes - vontade de fazer o cerimonial do Encontro de Paz entre o Oriente, o Ocidente e Recife (o maior continente da América Latina).

Fátima Ferreira - vontade de convidar a elegância para dançar a última primeira dança ao som da primeira última música

Helga Vieira - vontade de criar o projeto arquitetônico de um lugar onde os traumas sofridos pelos animais possam ser apagados.

Karla Gisele Vidal: vontade de substituir os exércitos e as guerras por esquadrões da moda e missões de paz.

Gustavo Táriba - vontade de sabotar a fábrica da coca-cola e adquirir franquias da grife Star Wars para propagar o lado áureo da Força.

Juliana Mafra – vontade de desenvolver um software que desprograme o rancor, a mágoa e o preconceito

Ivana Perobelli - vontade de buscar no 1% de tempo que resta o amor indivisível.

Elizabeth Moura - vontade de ensinar os espíritos tristes a dançar balé para que o cisne branco que neles há ressuscite.

Ozan Revi - abrir uma empresa de exportação, sem fins lucrativos, cujo principal produto é o azul ardente do céu de Recife, que, de alguma forma, mora também nos seus olhos turco-britânicos.

Ana Paula Costa - vontade de que todos tenham a chance de voltar pra casa e encontrem um Eu-te-amo de pé à soleira da porta, despindo-se das luas de saudade

July Holanda – vontade de tocar violino até curar os gritos e silenciar as dores.

Mauro Torres – vontade de pedir emprestado ao Pequeno Príncipe um dos cometas que ele guarda na garagem do sonho

Aislam Melo – vontade de promover um acordo de cooperação entre Nárnia e a vida real

Mariana Silveira– vontade de ajudar a luz a pesar mais que a injustiça na balança dos destinos.

Sarah Catão- vontade de patentear seu sorriso como remédio para toda e qualquer esterilidade

Lylian Cabral – vontade de não deixar ninguém que ama sem saber que é amado.

Iara Lima – abrir uma filial da amizade sincera na Zona Franca e instaurar um tipo de comunismo em que todos tenham direito a plena liberdade de expressão e a um iate particular.

Mahely Barros – vontade de tornar a vida a cara da riqueza, com direito a limpeza de pele para extrair as marcas da arrogância e da auto-suficiência.

Wanessa Loyo – vontade de que o sorriso deixe de ser medida provisória e se torne decreto-liberdade.

Alberes – vontade de pintar com silêncios quadros impressionistas, fazendo do ser amigo uma rima com a luminosidade.

Augusto Noronha – vontade encontrar carinho e respeito onde supostamente só havia desajuste e, durante o processo, adquirir a versão pós-fim-do-mundo de Ghost Recon.

Marluce Vidal – vontade de nos aproximar da canção do Céu.

Noaldo Vidal – vontade de nos tornar felizes vítimas da conspiração da fantasia.

Luciana Zamprogne – vontade de ajudar os outros a fazerem da contradição um ato de fé e um gesto de lealdade.

Tony Pradines - vontade de cancelar a reserva no restaurante Leite e ir comer com os amigos um petit gateau de nata-goiaba no La comédie da Via Láctea

Ana Carolina Morais – vontade de plantar uma espada samurai e colher uma cachoeira de carinho.

Magaly Rocha - vontade de ensinar as armas de fogo a jogar fora o uniforme de guerra e se vestirem como as flores da Holanda.

Iliana Quidute - vontade de cantar com uma multidão uma música esculpida no milagre.

Renata Vieira - vontade de sentar aos pés do sonho e escutá-lo contar uma história para ninar o tempo e de,  acordar com vontade de prescrever para todos os impacientes os efeitos colaterais do amor: respeito, idealismo e paz

Renata Marques – vontade de fazer a esperança fluir através dos poros do rosto, hidratando os sorrisos, e dos poros da alma, dignificando as cicatrizes.

Amigos do Aikidô – vontade de treinar até o equilíbrio energético do planeta ser restaurado.

Cláudio Clécio – vontade de suspender o fim do mundo até seu Eu-te-amo chegar ao coração do Nobre Alguém.


Fim do mundo narrado por Galvão Bueno

17 de dezembro de 2012

A bondade e os beija-flores

Fonte: site Virtude- Birdwatching e Natureza


Beija-flores
Poesia de Milia Cdíades 

Tua alma é boa e linda
É tímida vez por sempre
Nada que um abraço, um carinho ou
Outro desses silenciosos despudores
Não possam acolher em sua ternura galopante

Nos poucos segundos de premonição que me restam,
Quero dizer que teu futuro é de uma riqueza
Que fará os títulos e os poderes trocarem os tronos e os dinheiros
Por um lugar às margens da lealdade e da singeleza
E tu haverás de crescer, mas não será mais preciso
Que teu crescimento esteja ancorado a troféu ou amargura

Tu serás grande entre os seres humanos
Porque, desde sempre, és humano entre os grandes
E os des-sorrisos, os medos e os silêncios
Não te tornam Alguém menos bom
Nem as conquistas te tornam mais Nobre
Porque o idioma das glórias é mudez nos lábios da bondade
E o pastor invisível que habita teus gestos
Me contou que muitos ainda serão felizes
E, de fato, já o são
Por experimentarem a luz esmeralda
Da tua bondade ranzinza e séria e blasé e íntegra

Pena que minha presença é insuportável a tua bondade
Como é insuportável às asas do beija-flor virar escultura
Mas os que tiverem o privilégio de te ter por perto
Entenderão, cedo e tarde, que a bondade não é o clichê do sorriso preso nos lábios:
É  a alegria implícita num perseverante bater de asas


11 de dezembro de 2012

A encantadora dos números: filha de Lord Byron cria o primeiro programa de computador

Por Minouette

Augusta Ada Byron não se valeu do renomado sobrenome de seu pai, o escritor ultrarromântico Lord Byron, como senha para entrar para a história. É mais conhecida como a condessa Ada Lovelace. Mas, nesse caso, o sobrenome Lovelace deve a ela sua fama e não o contrário, visto ter sido a jovem a primeira pessoa a criar um programa de computador. Atualmente, ela empresta seu nome a uma linguagem de progrmação: a ADA, desenvolvida pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos e utilizada na aviação.

Lovelace não manteve laços estreitos com o pai, que morreu quando ela tinha 8 anos . Só veio conhecer o rosto de Byron, por meio de um retrato, ao fazer 20 anos. Não herdou dele as feridas do "mal do século", mas, certamente talvez, algo do ímpeto byroniano estava em sua personalidade que, desafiando o conservadorismo da era vitoriana, desenvolveu pesquisas junto a Charles Babbage, criador do primeiro computador mecânico.

Ada Lovelace - Por Sydney Padua

A mãe de Ada chegou a suspeitar de que sua filha pudesse ser louca. Mas, a moça conseguiu lidar bem isso, convertendo um possível complexo de inferioridade em cultivo da criatividade. Assim, logo cedo, dedicou-se a desenvolver modelos matemáticos para descrever o funcionamento do sistema nervoso.

Chamada por Babbage de "encantadora dos números", Lovelace também despertou a admiração de outros cientistas como Faraday, um dos fundadores da eletroquímica e do eletromagnetismo. Sem sucesso, ele tentou programar um relacionamento amoroso com ela.

Contudo, Ada deu um passo além de Babbage, refletindo sobre a possibilidade da programação em computadores não ficar restrita ao domínio do número, abrangendo, por exemplo, a música.

Lord Byron foi protagonista de inúmeros escândalos, sendo conhecida, por exemplo, sua tendência à necrofilia. Ada não chegou nem perto desta excentricidade, mas manteve relações extraconjugais e esteve envolvida com o jogo. Chegou a se endividar ao investir na construção de modelos matemáticos que garantissem o sucesso na jogatina.

Anualmente, em outubro, é celebrado o Ada Lovelace Day, com o objetivo de promover o trabalho de mulheres no núcleo duro das ciências, a exemplo da matemática e da engenharia. Ada teve três filhos e faleceu em 1852, aos 36 anos.

Sobre Ada, dirá Babbage:

Forget this world and all its troubles and if
possible its multitudinous Charlatans – every thing
in short but the Enchantress of Numbers.


Por Sydney Padua

A contradança de Zhaoming Wu

Dancer - Zhaoming Wu



Contradança
Uma poesia de Cerevenise Stür

Hoje, ouvi dizerem teu nome
Tentei ser o mais racional impossível
Tão racional que meu olhar chorou para dentro
E o fogo do meu coração fingiu ser cinzas
Desde antes do alarme de incêndio

Quero tanto que seja verdade que tu possas ler este poema
Quem me dera, pudesses me dar um sinal,
Visitando o poema que nunca termina,
Feito para ti, meu lindo Alguém.

Pois te vi faz uma semana, mas tive medo de te olhar
E te deixar preocupado ou triste
Mas, se eu pudesse te olhar
Seria para te dar o máximo da errante medida certa
Do carinho, do abraço, do beijo e da felicidade
E descobrir que não sou invisível a ti
Como a razão insiste em fazer crer

Por isso, estas palavras
Cegas, mudas e aleijadas
Mas que têm uma qualidade que intimida
As águias, as sereias e Mercúrio
A de enxergar através da sombra
Falar por meio do não dito, do interdito
E me permitir chegar ao teu coração, meu Nobre 
Antes mesmo de o caminho começar a ser feito
E me impedir de ir embora, apontando-me para o caminho que nunca termina

Porque o caminho sempre estará por fazer 
Para que eu tenha a honra de te convidar para voarmos juntos
Nesta contradança que, em seus passos desajeitados,
Dá sentido aos giros dos mundos: e se chama vida.

8 de dezembro de 2012

Para ternamente constranger Nossa Senhora da Conceição


Fonte: site Artesanata.com


Nossa Senhora, sempre que escrevo é como se fizesse das palavras
Um mapa do fim do mundo
Do xis que indica onde, a céus abertos,
A Terra desesconde a concórdia

A poesia é um jeito de deixar os outros
Ternamente constrangidos
Ou de fazer o Eu te amo e seus afluentes
Desaguarem para mares que, de tanto não existirem,
Merecem ser inventados

Quero te dizer, Nossa Senhora,
Da vontade de acrescentar ao rol dos teus Nomes
O nome dos que me são queridos
E estes nomes serão apelidos carinhosos
Que te dedico
Pois só teu Coração
Permite que esqueçamos de te amar
Para que, nas bases desta deslembrança,
Ergamos uma forma de amar o Nobre Alguém

Tu sobreviveste às sete espadas de dor
Que as profecias lançaram em teu peito
Por não teres medo de que o amor seja verdade.
Por isso, Cristo te deu o dom
De seres porta de entrada para o milagre
De seres a fonte de onde o vinho novo brota,
Desafiando o odre vazio das angústias e desesperos
Por isso, mundos inteiros
Te conhecem e conhecerão pelos Nomes
E pelos apelidos
E não será estranho que o próprio silêncio
Fale em honra a Ti


A seguir, a poesia-canção para Maria:

Nossa Senhora do Afã

Maria, tu és o mais forte dos afãs
Contigo, eu posso a Utopia abraçar

Tu és o penhor do enigma
A brisa em seu despertar
A pressa que escolta a calma e a paz

Amparo em meio ao absurdo
A voz do silêncio a escutar
O sonho que torna o real de existir capaz

Maria, em ti há refúgio pro’amanhã
E os tiros se cansam de um alvo procurar

Se falas, a guerra emudece
Teu canto faz o sol singrar
Teu choro ajoelha as estrelas e o mar
As ondas que quebram em espinhos
Teus passos irão consertar
E das quase-mortes renasço
Para amar


Nossa Senhora do Afã (audio)

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