Por Kevin Vásquez |
Brincadeira do dia da Mentira (depois de ler, leia aqui este poema-mentira traduzido em poema verdade)
O nunca mais não é tempo suficiente para fazer caber no mundo
O não querer te ver
Que paz não ter de ouvir teu Boa Noite brotar
E não saber mais como está teu rosto
Tua feiura não me entra na cabeça
E tua ausência é uma bala perdida, desalojada no meu peito,
Onde, hoje, em vez de um coração, mora ora ora ora
O eco de um dejà vu
Fiz um curso para desaprender as línguas do silêncio:
Pra que restasse a minha mudez falar só em desesperanto
Até tu esqueceres como minha voz tinha por hábito desnudar-te
Pus em liberdade o desprezo que sinto por ti
E, ao sair da prisão,
Ele sabia como dizer Eu te odeio em idiomas ainda não inventados
Ensinei a vergonha que sinto de ti a ler em braile
Para não precisar da ajuda de nenhum intérprete,
Pois o desenho dos teus lábios me é o contorno do Cabo das Tormentas
E o teu beijo uma onda intrometida no Mar Morto
Detesto teu abraço como a despedida detesta ser algemada pelo cais
Quero que o amanhã esqueça o endereço do hoje
E a semana perca o paradeiro das segundas e quartas-feiras
Para que não haja mais chance de te reencontrar
Plagiei Ulisses para te dizer que tu pra mim não passas de Ninguém
És ignóbil, um campo de força que repele de mim toda a ternura
Inimigo meu, triste o dia em que te conheci
A celebração da tua vida me é sempre desimportante
Uma bobagem, tipo a respiração, que na falta de destino melhor
Passa as férias em meus pulmões
Te desejar Feliz Aniversário me é inútil
Assim como é desnecessário às estrelas pulsar:
À música pulsar,
Assim como é esforço inútil de Deus buscar segundo após segundo
Uma nova cor para a primeira vez
Uma nova razão para o amor.
Trem da Alegria - Na casca do ovo
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