Foto: Karla Vidal |
Retrovisor
Antes do aterrissar do ônibus,
Desembarcou naquela parada a saudade de algo que até então
não havia experimentado
Você deixou o clássico do futebol em casa de castigo
E preferiu assistir comigo à espera pela chegada da mudança
do destino
Que bom poder recostar minha ansiedade no teu paulatinamente
Desatando alguns nós do meu desatino
Teu olhar parecia dizer que
continuaria a esperar por mim inteiro
Depois que eu partisse
O medo de estragar tudo fez com que eu te olhasse de soslaio
A partitura do teu rosto, escrita em sol maior, tocava-me:
Desejo de que tuas mãos me jardinassem
Até os desertos se renderem
Ante o teu magnetismo, as miragens perdem a graça
Teu abraço está, aos poucos, cassando o título de posse do
abandono
O que quero de presente?
Um monte de agoras como foi o anteontem
Enquanto te ouvia falar, quis fazer um acordo contigo
De, no meu aniversário, ou antes, quem sabe
Poder estar por perto quando o acordar vier buscar um dos
teus sonos
E quando, acordado, começares a sonhar
O ônibus pára defronte as águas tranquilas do nosso até logo
Agradeci ao meu retrovisor por ter se quebrado
Fazendo-me perceber que era chegado o momento de olhar adiante
Antes de passar pela borboleta, minha psique me alertou que
Eu era alguém que partia a bordo de um
coração não mais partido
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