The Big Bang Theory |
Insisto em dizer: nos achamos cidadãos da pós-história, mas
Existe ainda bastante em nós do Talião de da Antiga Aliança
O mar se abriu e atravessamos a pé enxuto. O problema é
Quando nossos pensamentos não acompanham o caminhar
E ficam para trás treinando apneia com Faraó e seus soldados
Ainda buscamos a prova como se esta fosse licença que os
sentimentos, os valore e os tudos precisassem para existir
Provas de amor, de amizade, de competência, de resistência,
de roupa...
E, por mais desajustada que seja a numeração dos manequins
no Brasil,
Teimamos em acreditar que o fato de termos experimentado uma
caça 42 e ela não ter cabido em nós, é prova cabal de que estamos gordos, mesmo
que, cinco minutos depois, uma calça 40 caia em nós como uma luva
Nossa mentalidade traz bastante do livro do Eclesiástico: “É
pelo fogo que se mede o valor da prata e do ouro e pela humilhação que se mede
o valor do ser humano...”
Como se prova uma amizade?
Pela presença, não há de ser, porque um amigo está ao nosso
lado para se sentir à vontade
Para que sua mente voe, de bobeira, pelos espaços infinitos,
Sem precisar se adequar a lógicas ou certezas, pressionada a
estar de vigília acompanhando
Os ditames impostos pelo fluxo de nosso pensamento
Pobre coitado, o pensamento, que trata a poesia como sobejo,
o amor como loucura e a lógica como razão.
Como se prova uma amizade?
Pela compreensão?
Perda de tempo. Não há curriculum vitae que seja capaz de me
fazer compreender um amigo
Pois o amor que sinto é o que me permite caminhar nos
terrenos nebulosos de tua alma, meu caro!
E cinco minutos, cinco anos ou cinco eternidades não seriam
o bastante para traduzir esta sensação de que uma pessoa é capaz de te inspirar
a crença na alma e no amor. E li no Facebook de Aristóteles: "A amizade é uma alma com dois corpos"
O desprezo pode até matar a alma que é fruto dos sistemas
fisiológicos,
Mas a alma gestada pela amizade – o elã dos elãs – não há
desprezo que mate
E isso é muito bacana, mas, certamente talvez, dói, véi!
Provas pressupõem troféus, pódios. Beleza que eles existam
Mas, me sinto amigo, de verdade mesmo, quando provo da
companhia-ausência de quem me é querido e me gusta saborear não só a doçura,
mas as amarguras que encontro pelo caminho
Tem horas que tua companhia é tão insossa, mas, nessas
horas, quero te homenagear com meu silêncio e dizer que está tudo bem, que eu
não vou embora pra sempre. Eu vou ali, mas volto já
Não é sempre que terei pra ti um conselho lapidado pela
poesia de Victor Hugo,
Mas tens a teu dispor a poesia imensa que o medo e a timidez
me forçam, tantas vezes, a calar
E que os telefonemas não atendidos têm receio de traduzir
E, por mais poliglota que possa ser eu, a amizade que te
dedico só precisa falar em meio idioma, meias palavras, como é da condição
humana. E tua existência me faz lutar para que a metade que sou encontre a
integridade em todas as buscas, reencontrando a vida além dos limites do
Google.
Como se prova a amizade?
Pela verdade, pela coerência
Lerdo engano de Leda...
Tenho um amigo que me fez pensar sobre isso. Ele disse que
não há como ser amigo e ser coerente, ao mesmo tempo e que, por isso, gostava
tanto dos amigos que jogavam basquete com ele
Tinha um, inclusive, que era muito gente fina e o tinha
convidado para comemorar seu aniversário numa churrascada no cemitério do
Caveira: sede do motoclube ao qual pertencia e cujo padrinho era outro
motoclube: O Pererecas do Asfalto...
São Judas (Judas Tadeu), rogai por nós ;)
E ainda dizem que a amizade não existe!
Num sonho, era eu um cosmopolita, milionário como Bruce
Wayne, poliglota como o Papa, ilustre como..., ponderado como um crítico
literário (?), honesto como Tereza de Calcutá, sensato como um estudioso de
Shakespeare ((Saúde!)) em língua inglesa e precavido como Nostradamus
Nesse sonho, encontrei com um amigo. Nos abraçamos e fiquei
pobre, mudo, bufento, desarrazoado, insensato em Português com sotaque das brenhas...
Mas continuava cosmopolita e honesto. Teu abraço amigo me salvara do pesadelo
que, disfarçado de sonho, está descrito no parágrafo anterior.
Como se prova
o amor, meu Nobre Alguém, que não me pertence?
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