25 de maio de 2012

A convicção pegou carona com o Quase-Amém



Fonte: Twitter com humor



Conheça a poesia de Neiva Aidá (Teresópolis, 1964?-).



A carona/O quase-amém

Se eu desfilasse vestida em minhas convicções
Tu terias de me chamar por um novo nome
Um nome escavado arqueologicamente
No asilo das fogueiras loucas e anciãs

Se eu desfilasse calçado em minhas convicções
Meu salto falaria do alto de muitas vidas passadas
Meu rosto ainda é jovem
Porque as rugas tímidas não conseguem brotar
No solo das inconvicções

Se eu desfilasse nu de minhas convicções,
O clamor seria mais convincente?
A clareza e a paixão da minha nudez
Conseguiriam obrigar o anjo a me carregar nos seus abraços?

Não, de nada tem gosto o obrigado

Convicção e inconvicção
Têm o mesmo valor: de uma carona,
Que, durante um quarto de hora
Com os lemes do épico, torna-nos guias,
Senhores do destino
Mas, depois que a porta se fecha
E é concedida a liberdade ao cativo
Sobram da carona somente as folhas caducas
Da coroa do “Até mais ver” (que, na maioria das vezes, é um “Até menos ver” disfarçado)
E se vai dividir o quarto com o restante do tempo
E rezar para que Deus passe pela rua da Solitude
E n osdê uma carona antes que o eu rua.


Tenho dúvidas para poder ter amigos
Porque, o himeneu com a certeza
Só me deixou viúvo da invasão estrangeira
Das lições de diplomacia da barbárie
A certeza me fez continuar virgem
Um virgem sem hímen, sem eu,
Que teve de engolir a seco
Um quase Amém

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