À amiga Iliana Quidute (kitute), que convidou a ela e a mim
para ir ao show de Roxette, no Recife
para ir ao show de Roxette, no Recife
A Donna Sommer
A cantora e compositora Marie Fredriksson perdeu a
habilidade de ler e de contar, além de ter perdido a visão do olho direito e parte dos
movimentos do lado direito. Perdas estas decorrentes de um tumor maligno
surgido em seu cérebro em 2002.
Estes limites vieram acompanhados de um misterioso
deslimite. Marie segue cantando ao lado de Per Gessle e recentemente finalizou,
com um show realizado em Recife, uma turnê pelo Brasil. É impressionante como a
cantora mantém a memória das canções e se mantém no palco do início ao fim do
espetáculo.
Embora a dosagem de agudos, e da agressividade rockesca,
tenha precisado ser diminuída, o prejuízo foi mínimo, pois a presença maior de
momentos de suavidade não afetou o lindo timbre da voz de Marie.
Entre 2002 e 2005, ela enfrentou o câncer e suas consequências
e, agora, já não é mais necessário submeter-se a nenhum tratamento.
Quando Roxette cantou It must have been Love, um de seus
maiores sucessos, foi acompanhada pelo público do Chevrolet Hall, que auxiliou
Marie nos momentos em que seu agudo ameaçou falhar. Diante da cena, seu amigo
Per Gessle declarou: “Tudo é possivel”.
Simbolicamente, a realização do impossível tem sido retratada
de formas diversas. Mais do que contrariar a lógica vigente, o impossível tem um tom teimosia. Ele teima em dar como ganha uma
causa socialmente dada como perdida. Assim ocorre com os relatos bíblicos em
que mulheres estéreis conseguem, contrariando as expectativas, tornar-se mães
em idade avançada (o caso de Santa Isabel).
O impossível germina como a teimosia de plantar no deserto. Planta-se a terra prometida no deserto da Judéia;
plantam-se crianças no deserto da esterilidade; planta-se visão no deserto dos
olhos cegos, planta-se perdão no deserto da condenação.
Outra forma de o impossível se tornar realidade é quando a
divindade, por amor, escolhe se arrepender. Assim ocorre quando Deus, diante
da tristeza do rei Ezequias, arrepende-se e decide adiar o dia da morte deste
rei, fazendo o tempo andar para trás. Algo semelhante acontece quando Cristo ressuscita Lázaro. No gesto de amor de Cristo, Deus permite-se arrepender-se.
O impossível também vem em forma de uma visita inesperada.
Sabendo disso, o centurião romano aproximou-se de Jesus em busca de uma
cura para seu servo à beira da morte. Este centurião achava impossível obter o
que buscava por se achar indigno, pelo fato de ser representante do império que
subjugava os judeus. Mesmo assim, disse a Jesus: “Não sou digno de que entreis
em minha morada, mas se disseres uma palavra serei salvo”. E Cristo, mesmo de longe, visitou o servo doente e disse ao centurião que ele receberia o que procurava por força da fé.
Vale lembrar também da visita de Nêmesis a Latona, mãe de Apolo e de Ártêmis. Latona, deusa da noite clara, foi alvo do ciúme de Hera. A esposa de Zeus fez que Latona fosse perseguida pela serpente Píton, não conseguindo achar um lugar na Terra onde pudesse dar à luz em paz, a não ser na ilha de Delfos, erguida por Posêidon da fundura do oceano. O deus dos mares havia se apiedado da jovem. Em Delfos, após parir, Latona chorou por não ter como alimentar seus filhos e clamou por justiça. Aparece, então, Nèmesis, deusa do ajuste de contas, e realiza o impossível, salvando a mãe solteira e seus filhos gêmeos, que viriam a ser dois dos principais deuses do panteão grego.
Latona e os gêmeos |
Em todo caso, o impossível é um trabalho de garimpagem, de
busca da exceção no deserto da regra. O impossível sempre vem acompanhado de um
sinal de pontuação híbrido, que mistura a interrogação com a exclamação: “Quem
diria que isso aconteceria?!”
Quem diria que Christoffer Lundquist, guitarrista da banda
Roxette, tocaria o frevo Vassourinhas no show, fazendo germinar Pernambuco no
tempo-espaço da Suécia ou Suécia no tempo-espaço de Pernambuco?!
De alguma forma, existe um relógio em que impossível,
improvável e inesquecível são horários vizinhos. O show do Roxette, em Recife,
foi um ponteiro que visitou, com pontualidade britânica, estes três horários.
A seguir, vídeos do show do Roxette em Recife.
Vassourinhas – by Christoffer Lundquist, guitarrista da
banda Roxette
Spending my time
Vassourinhas – by Christoffer Lundquist, guitarrista da banda Roxette
It must have been love
Adorei Cláudio! Perfeito! bjos e obrigada por dedicar a mim, o texto.
ResponderExcluirAinda fiquei pensando em ir, acreditas?
ResponderExcluirPuts! Me obriga a ir da próxima vez! "It must have been love" tá demais! E eu chorei em "Spending my time" :õ)
ResponderExcluirShow inesquecível... Sou de Recife e fui pra esse e no anterior fui para o RJ pra realizar esse sonho.. nossa!!! amooooooooooooooooooooooooo pra sempre!
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