Origami representando o Espírito Santo |
O século XX abriu as portas para um interesse crescente em
compreender a terceira pessoa da Trindade, como prova o Concílio Vaticano II.
Deus e Cristo – as outras duas pessoas
trinitárias – fazem-se presentes, na narrativa bíblica, por meio da voz. O
Espírito se faz presente por meio da inspiração. Parece, por vezes, ser um ator
coadjuvante. Mas, não é bem assim.
O que ocorre é que o Espírito exprime a grandiosidade da
sutileza. É, talvez, o aspecto mais feminino da Trindade, o poder que atua
gestando a luz onde os olhos não a conseguem ver. Assim fez ao conceber Cristo
no ventre da Virgem Maria.
O Espírito Santo não tem rosto, porque se faz enxergar ao
nos olhar de dentro de nós mesmos. Por isso, um dos títulos que recebe é: hóspede da alma.
O Espírito Santo não tem rosto, porque escolhe se tornar
veste. Veste a palavra com a sabedoria, a esperança com a fé, e a fé com a
promessa. Por isso, recebe o título de Consolador, pois o consolo é a invisível
semente da cura que dá sentido ao remédio e que colhe vitória da alma ferida
pelas espadas da dor.
Não tem rosto porque escolhe ser humilde e
grandiosa moldura. É brisa doce que emoldura o alívio, é chama ardente que
emoldura os dons, é água viva que emoldura a sede.
Cinquenta dias depois da ressurreição de Cristo, os
apóstolos, Maria e dezenas de pessoas de diferentes origens estiveram reunidos
e sobre eles línguas de fogo pousaram. E todos se compreendiam, apesar de falar
em diferentes línguas, pela ação do Espírito.
Isso ocorre porque o Espírito apresenta ao mundo um tipo novo
de sentido, que não se desfecha no indivíduo ou na coletividade, mas na
extinção das categorias que se tentam impingir ao eu-nós do
qual sou/somos constituído/constituídos. Por isso, um dos títulos do Espírito
Santo é “Vento impetuoso, que sopra onde quer”.
Existe algo da sociedade em rede que reflete a impetuosidade
do Vento do Espírito, desta presença que se esculpe na dissolução dos limites
entre o tempo e o espaço, desta identidade que, sem rosto, anseia por refletir
a face do eu que se hospeda no nós e vice-versa.
More than words - Extreme
Nenhum comentário:
Postar um comentário