Foto: Karla Vidal
Nunca soube brincar de 1º de abril
Por isso, só deixo um poema me escrever nessa data
Se for pra ser de verdade
Não a verdade enunciativa, que carrega estilhaços de mentira
Herdados das tantas minas nas quais nossa trajetória pisa
Mas, a verdade que é caminho e vida, simplesmente,
Como a música:
Nossos dedos tangem as cordas do instrumento,
Nós ouvimos sua imagem acústica:
Seu sentido é ferida e cura que não se pode atingir
É como estar perto, estando longe
E, mesmo invisivelmente, deixar quem se ama
Abraçado,
Carregá-lo? Não é bem isso:
Regá-lo, imperceptivelmente,
Pra que a vitória que ele é germine
A importância de ele existir
Sem carecer de prêmio, título
A humanidade dele é o húmus e o humor que bastam
Não posso ir adiante sem correr o risco de ter de mentir
Pra mostrar o quão verdadeiro é o que sinto pelo você que me lê
Qualquer brincadeira que eu faça
Se for pra ele ficar triste: não quero
Não quero fazer nada
Que seja pra ele deixar de ser minha melhor companhia no recreio
De, mesmo saído mais cedo do colégio,
Querer esperar por mim pra gente ir juntos pra o destino incerto
Falo isso não como adulto,
Mas como semente galáctica amarela:
E, como semente, não se mente
Nenhum comentário:
Postar um comentário