Escrever mensagens ou poemas é crer, em alguma desmedida,
Que se pode prever o futuro, ler pensamentos,
Tirar segredos do degredo, descontar raivas,
Perder as contas prestes a chegar no infinito
Chorar o melhor riso, rir o melhor choro
Amar e ser correspondido num acordo incomum
Há mar e ser co-perguntado
Orar por todos os poros, pegando emprestado a fé dos ateus,
A liberdade dos à-toa, numa toada que dedilha as cordas da galáxia do Pequeno Príncipe
E resfolega o acordeão desacordado
O poeta busca transformar o satélite natural da terra em fogo de arte e ofício
Tem hora marcada com o desconforto
E treina duramente para afiar suas falhas trágicas
Nessa tentativa bela e inútil de ancorar no horizonte, por meio da escrita,
Queria ter o elogio decisivo,
Mas só consigo desapontar os relógios
Em vez de dizer e ser salvo, digo e sou alvo
Nessa tentativa inútil de ancorar no horizonte, por meio da escrita,
Queria ter o elogio decisivo,
Mas só consigo desapontar os relógios
Que o mar seja a mesa, a terra o bolo e o farol e os veleiros sejam luz com tons de wabi sabi
Ao se repetirem seus gestos,
Venço os cansaços da existência
Cada camada de sua presença,
Incluindo a proximidade com seu eu cotidiano,
É um presente
Que bom que há destino e acaso o bastante
Pra que nossos universos paralelos encontrem um ponto de intersecção
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