Foto: Karla Vidal |
Ter medo de demonstrar não é nada estranho
Se pensarmos que dentro da demonstração
Moram anjos, mas também monstros
Demonstrar implica fazer o tempo parar na frente de todo
mundo
Eis aí a verdadeira nudez: fazer o tempo parar
No tempo corrido, é comum nos sentirmos comuns
E daí pra nos sentirmos feios e até desnecessários é um pulo
Mas, uma demonstração de amor pode rasgar esse hábito de
feiúra e estranheza
E nos fazer sentir bonitos, desejados, ansiados
É meio um bocado constrangedor se sentir lindo quando a
roupa do sentir-se feio
Parece nos cair melhor
Nunca vou conseguir demonstrar tudo o que quero
É muito monstro que tenho de vencer em mim mesmo
Muito pouco tempo pra converter em poesia
Cada novo detalhe encantador que encontro em ti
Presencial ou telepaticamente
Queria pedir às segundas e quartas que ajudem meu anjo a vir
Pra que eu possa ter matéria-prima pra minhas demonstrações
Que só ele as percebe
Demonstrar o que sinto
Em alto e bom sonho
Por meio de alto-calantes
É uma forma de desmorrer
De ajudar minha fé a acreditar
E adiantar o relógio da ressurreição
Porque toda vez que você chega
O tempo incerto se disfarça de hora exata
E minha exaustão vira festa
Desde sempre,
Você já é bem-vindo
Não há nada a ser provado
E a demonstração não precisa fazer sentido
Rimar, ou ser coerente
Basta ser rio ou mar
Receba meu carinho hesitante, alijado, tartamudo
Meus monstros mais doces
Ajuda-os a ninar
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