8 de março de 2017

O Dia Internacional da Mulher e o combate de Malala Yousafzay à sub-existência


Fonte da imagem: Agência Ecclesia


Em 2014, a paquistanesa Malala Yousafzay ganhou o prêmio Nobel da paz. Sua luta tem sido pela garantia do acesso de todas as crianças ao ensino e à leitura.

Em seu discurso, na cerimônia de recebimento do Nobel, Malala lembrou que quase 70 milhões de meninas não têm acesso à escola.

Na mesma ocasião, a mais jovem ganhadora do Prêmio (17 anos de idade), indagava-se por que os países são chamados de poderosos criando guerras, mas são fracos para alcançar a paz e por que é mais fácil dar armas do que dar livros.

Vítima de um atentado à bala, em 2012, a então adolescente sobreviveu e sobre o assunto afirmou que tinha duas opções: ficar em silêncio e esperar que a matassem ou falar e depois deixar que a matassem. Ela escolheu a segunda.

O que os talibãs que a tentaram assassinar não perceberam é que Malala age conforme o principal preceito do Corão: a busca da verdade. E que não há como perseguir a verdade sem ter acesso à educação, sem deixar que a mente crie asas.

A paquistanesa também notou que a defesa dos direitos das mulheres implica a defesa do direito de existir em corpo, mente, espírito e dignidade. Trata-se de um direito de todo ser humano.

É uma luta contra o impulso de encarar como normalidade a criação de espaços em que as pessoas sub-existem, não só no sentido de não terem alimento, roupa e moradia, mas sim no sentido de criar símbolos e rotinas que dividem os seres humanos em categorias pautadas pela subtração de direitos, incluindo o direito de falar, beijar, abraçar, conviver.

Ou ainda a criação de grotescas categorias híbridas onde uma máscara de acesso ao direito esconde a sonegação de outros, como ocorre com tantas pessoas que silenciam vocações e afetos para poder ser “aceitas” e “respeitadas” no círculo de trabalho, de estudo e na Igreja.

A noção de que a luta pelos direitos da mulher representa a luta pelo direito de qualquer ser humano a sair da zona de sub-existência é sumarizada por uma frase proferida por Malala em Oslo, em 2014: “Nós não podemos progredir quando metade de nós é deixada pra trás”.

No que diz respeito ao contexto brasileiro, onde recrudesce uma pífia ideologia machista-messiânica, uma frase que deixo registrada em celebração ao Dia Internacional da Mulher é: Continuem sendo machos (as) e eu seguirei sendo humano ou, simplesmente sendo.

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