Fonte da imagem: Agência Ecclesia |
Em 2014, a paquistanesa Malala Yousafzay ganhou o prêmio
Nobel da paz. Sua luta tem sido pela garantia do acesso de todas as crianças ao
ensino e à leitura.
Em seu discurso, na cerimônia de recebimento do Nobel,
Malala lembrou que quase 70 milhões de meninas não têm acesso à escola.
Na mesma ocasião, a mais jovem ganhadora do Prêmio (17 anos
de idade), indagava-se por que os países são chamados de poderosos criando
guerras, mas são fracos para alcançar a paz e por que é mais fácil dar armas do
que dar livros.
Vítima de um atentado à bala, em 2012, a então adolescente
sobreviveu e sobre o assunto afirmou que tinha duas opções: ficar em silêncio e
esperar que a matassem ou falar e depois deixar que a matassem. Ela escolheu a
segunda.
O que os talibãs que a tentaram assassinar não perceberam é
que Malala age conforme o principal preceito do Corão: a busca da verdade. E
que não há como perseguir a verdade sem ter acesso à educação, sem deixar que a
mente crie asas.
A paquistanesa também notou que a defesa dos direitos das
mulheres implica a defesa do direito de existir em corpo, mente, espírito e
dignidade. Trata-se de um direito de todo ser humano.
É uma luta contra o impulso de encarar como
normalidade a criação de espaços em que as pessoas sub-existem, não só no
sentido de não terem alimento, roupa e moradia, mas sim no sentido de criar
símbolos e rotinas que dividem os seres humanos em categorias pautadas pela
subtração de direitos, incluindo o direito de falar, beijar, abraçar, conviver.
Ou ainda a criação de grotescas categorias híbridas onde uma
máscara de acesso ao direito esconde a sonegação de outros, como ocorre com
tantas pessoas que silenciam vocações e afetos para poder ser “aceitas” e “respeitadas”
no círculo de trabalho, de estudo e na Igreja.
A noção de que a luta pelos direitos da mulher representa a
luta pelo direito de qualquer ser humano a sair da zona de sub-existência é
sumarizada por uma frase proferida por Malala em Oslo, em 2014: “Nós não
podemos progredir quando metade de nós é deixada pra trás”.
No que diz respeito ao contexto brasileiro, onde recrudesce
uma pífia ideologia machista-messiânica, uma frase que deixo registrada em
celebração ao Dia Internacional da Mulher é: Continuem sendo machos (as) e eu
seguirei sendo humano ou, simplesmente sendo.
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