Foto pertencente ao CD Sagrado (2007) |
Poderia usar esta postagem pra desfiar um rosário de
clichês: timbre inconfundível, talento injustiçado, artista completa (cantava e
atuava), perda irreparável, dentre outros.
Mas, só tenho vontade de dizer que, quando era criança, confundia
a voz de Selma Reis com a de Nana Caymmi. Confusão não de todo imprópria, visto que o
maior sucesso da cantora, O que é o amor,
foi composto por Danilo Caymmi. Coisas do inconsciente.
Achava que a música Estrelas
de Outubro tinha sido feita um pouco pra mim, tendo em vista que este
pequeno egocêntrico nascera em outubro.
Selma Reis emprestou sua voz grave para Sombra em nosso olhar e, assim, traduziu os agudos de Kathryn
Grayson, que imortalizou a música Smoke
Gets In Your Eyes, no filme Lovely to
look at.
Era branca, mas seu timbre remete à melhor safra de vozes
negras. Talvez, por isso, a musicalidade de Selma Reis esteja entre o Soul e o fado, que, depois de misturados, revelam a presença subliminar da
música sertaneja de raiz.
Me arrisco a classificar a voz dela como uma voz hermafrodita, pois é, ao mesmo tempo, um voz de tenor italiano, visitada por agudos cheios de feminilidade.
Nem bem havíamos chorado todas as lágrimas da partida de Marília Pera para o verdadeiro mundo das artes, quando fomos tomados de assalto pela perda de Selma Reis. Eu também Clécio, gostaria de poder dizer muitas coisas, mas palavras me faltam para definir a grandeza dessa artista que me fez apurar os ouvidos e sentir junto a sua voz a cor da alma quando se canta.
ResponderExcluirAdorei a homenagem, abraços.
É mesmo, Marquinhos. Ela canta uma música linda chamada deságua. E fico pensando que o timbre de uma cachoeira se assemelha à voz dela :) Durou tão pouco, mas foi maravilhoso.
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