Um erro cometido por quem traduz é preferir o paratexto e os
comentários ao original
No caso dos seres humanos, surge um complicador. Não se pode
traduzir pessoas com base em textos, mesmo que sejam originais. As pessoas são
original e cópia de si mesmas.
Quem ama ou odeia ou deseja ou desdenha é quem escreve e quem lê, não os textos. O
texto é pista e não crime. Talvez seja um erro preferir o texto em vez da
atitude.
Leitor e escritor não são juízes nem réus. São cúmplices.
Mas, fechado o livro, a postagem, o e-mail e outros derivados da galáxia das
letras, encerra-se a sessão. Os amigos se fazem fora do tribunal e a amizade é
extratextual.
Para construir a imagem de um amor, pinçamos características
de amigos, pais, avós, inimigos e até de pessoas que nem existem. À escrita, como lugar de sonho, cabe o amar
todas essas pessoas numa só e, ao mesmo tempo, nenhuma delas. Mas, quem no texto é nosso amor, fora dele é só um amigo porque as palavras são passageiras e a amizade, sim, é a viagem.
Insisto: as atitudes valem mais. Os indícios contidos nas
linhas mal traçadas do texto não substituem uma conversa franca. E quem se
prende a eles corre o risco de virar um quiromante que finge que sabe ler.
Algum Karl Marx uma vez disse que a tragédia quando se repete deve ser chamada de farsa. Faço minhas as palavras dele. Basta dizer que os Eu-te-amos não perseguirão mais ninguém e a saudade de quem quer que seja não me perseguirá também nunca mais (somente duas vezes por semana). Frases e declarações impulsivas podem, por favor, naufragar no último gole de bebida. Deixo a farsa para os poderosos e os indiferentes. E o seguir em frente será sempre um agradável jantar entre amigos.
Algum Karl Marx uma vez disse que a tragédia quando se repete deve ser chamada de farsa. Faço minhas as palavras dele. Basta dizer que os Eu-te-amos não perseguirão mais ninguém e a saudade de quem quer que seja não me perseguirá também nunca mais (somente duas vezes por semana). Frases e declarações impulsivas podem, por favor, naufragar no último gole de bebida. Deixo a farsa para os poderosos e os indiferentes. E o seguir em frente será sempre um agradável jantar entre amigos.
O estar escrito é
encarado por alguns como destino, por outros como desatino. Só a presença tem o
sabor do acaso, do risco e da surpresa, que fazem novas todas as coisas. Surpresa,
risco e acaso são temperos que não se podem escrever.
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