Brincos de São Jorge Fonte da imagem: Bplanshop |
Duas luas, uma minguante, outra crescente
Eram dois bumerangues na mão de Iara
Duas tiaras lunares
Singrando rio negro e caudaloso
Que marcou encontro para se perder no relevo de ombros
semi-morenos
Uma guerreira que não temia onde o Recife é caos
Libertou seu povo dos shoppings
Libertou o cinema dos livros
E os livros do cinema
Algemas e gemidos de dor renderam-se à chave secreta de teu
coração
Um brinco de não ter medo de fazer amor brincava de ser
farol em sua orelha
E Obá, diante da cena, viu-se escutando com as duas ouças de
novo.
Iara, pura, porque não está em seus planos obrigar ninguém a
refazer amor
“Nada de briga ou de Obrigo-te, somente Abrigo-te”, declarou
durante entrevista coletiva
Na República dos Sem Dono
Porque ela não teme ser dona de um corpo regido pela lei
áurea e pela argêntea também
No labirinto dos exageros e da falsidade, cujo apelido é mundo,
Ela assume o risco de nos ler ao vivo
Com nossas hesitações: ilhas de silêncio cercadas de dizeres
poéticos por todos os lados, menos por um: o esquerdo onde bate o coração do
poeta
Ando pensando em parar de escrever, mas os signos de aquário
e gêmeos não deixam
Posso continuar a escrever, Iara?
Talvez eu possa enquanto houver, no mundo, cujo apelido é
esperança,
Disposição
De ler o que o esconderijo da poesia revela
E bisbilhotar por trás da revelação a química que nutre o caso
de amor entre o sol e seus afluentes
Não sei o tempo que me resta antes da próxima poesia
Ou da última
Não sabemos
Mas, sabemos que, hoje, mais um dia de vida
Celebra a desvergonha que nasce
Espero podermos abrir juntos uma garrafa de poesia nos
próximos 4 de fevereiro dos próximos 777 anos
Quero terminar essa poesia fazendo desnexo contigo
Como acontece entre irmãos que se encontram nos desertos da
vida
Pra edificar miragens, alargar as margens e aplaudir a lua
cheia.
À amiga Iara Lima
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