Fotos de Karla Vidal |
Fui um dos presos que recebeu indulto de carnaval
Minha fada-madrinha se chamava Aníbal e foi clara ao dizer
Que na quarta a carruagem se transforma em jerimum
E a clemência se transforma em cinzas
O acaso tentou promover nosso reencontro,
E quem disse que nenhuma ladeira de Olinda teve misericórdia?!
O descompasso não conseguiu colocar em marcha regressa
O bloco da saudade
Te amo nesse instante tanto e tão leve
Que fico embaraçado,
Grávido mesmo
Pronto pra parir o desapego que aflige
De alegria as franjas do cansaço
Recebo tantos não-telefonemas seus
Que o silêncio fez um calo na minha caixa postal
Faz mal não porque estando com você meu coturno de cristal
está em boas mãos
Um copo de frevo rasgado, pelo amor de Deus!
Porque a sobriedade, ás vezes, é tanta que o Dia do Juízo
quer me condenar
Ainda de madrugada
Fiquem tranquilos, tambores
Não vou tocá-los
Nem pedi-los em namoro
Só quero ser acariciado por suas ondas sonoras
Porque hoje orvalho nada, sou pura graça
Não vou mais fazer amor com você em meu pensamento
Esqueça meu olhar insistente
Esqueça quão lindo és e ajuda meus olhos
A esquecer que são capazes de ver
Porque meu tato já está esquecendo que é possível tocar
Depois de três dias em que sou todo paladar
Agora, vou ali descansar a poesia
Antes quero pedir uma penúltima coisa:
Lembra-te de não desistir de mim ano que vem, carnaval
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