Foto: Cláudio Eufrauisno |
Retrospectiva
Por Linav Koriander
Lembrei do poema que
se reeescreve a si mesmo, toda vez que uma pessoa o visita.
Hoje, ele inaugura uma nova fase, tendo em vista que foi reescrito após ter sido visitado por mim mesmo. Meu 2015, que não me pertence, começou em 1980 e nos seus 365 dias couberam 35 anos e seis horas de treiler de vidas passadas nesta mesma encarnação.
Não foi um ano dos mais fáceis, mas aprendeu a me desassombrar. Me pôs de caverna a fora, com Platão e tudo. O espelho dos afetos se tornou convexo e projetou a imagem do amor no aparentemente destronado mundo real.
Desertei heroicamente das guerras ideológicas nas redes sociais
Morri um pouco, na tristeza de franceses e riodoceanos
2015 conseguiu também fugir-me da ditadura venezuelana, que me mantinha sob cativeiro, na capital de Cárdenas, há quatro anos. Se bem que o sequestrador, no caso, era meu próprio afeto afeito à ilusão, moldada em argila invisível.
Foi um ano em que meu eu líder aprendeu a abraçar meu eu subalterno.
Orei menos e amei mais, mas também experimentei mais fortemente o convite ao show da ira: não fui. Preferi encontros breves com a raiva passageira. Estou convencido de que em 2016 não irei à festa dos ódios, pois estou mais cansado de guerra do que Santa Tereza.
2015, deste-me a primeira pessoa que, me olhando nos olhos, disse-me que queria me fazer feliz.
E me deste a chance de encarar isso sem a expectativa de um romance rosa ou de eterno amor: como um gesto que me desreduziu das cinzas. Foi um ato de coragem porque querer fazer feliz este exilado da caverna de Platão não é fácil :).
Hoje, ele inaugura uma nova fase, tendo em vista que foi reescrito após ter sido visitado por mim mesmo. Meu 2015, que não me pertence, começou em 1980 e nos seus 365 dias couberam 35 anos e seis horas de treiler de vidas passadas nesta mesma encarnação.
Não foi um ano dos mais fáceis, mas aprendeu a me desassombrar. Me pôs de caverna a fora, com Platão e tudo. O espelho dos afetos se tornou convexo e projetou a imagem do amor no aparentemente destronado mundo real.
Desertei heroicamente das guerras ideológicas nas redes sociais
Morri um pouco, na tristeza de franceses e riodoceanos
2015 conseguiu também fugir-me da ditadura venezuelana, que me mantinha sob cativeiro, na capital de Cárdenas, há quatro anos. Se bem que o sequestrador, no caso, era meu próprio afeto afeito à ilusão, moldada em argila invisível.
Foi um ano em que meu eu líder aprendeu a abraçar meu eu subalterno.
Orei menos e amei mais, mas também experimentei mais fortemente o convite ao show da ira: não fui. Preferi encontros breves com a raiva passageira. Estou convencido de que em 2016 não irei à festa dos ódios, pois estou mais cansado de guerra do que Santa Tereza.
2015, deste-me a primeira pessoa que, me olhando nos olhos, disse-me que queria me fazer feliz.
E me deste a chance de encarar isso sem a expectativa de um romance rosa ou de eterno amor: como um gesto que me desreduziu das cinzas. Foi um ato de coragem porque querer fazer feliz este exilado da caverna de Platão não é fácil :).
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