31 de agosto de 2012

Celebração do amor à primeira conjuntivite


Pavel Mirchuck



Impressionou-me o brilho da demão de invisibilidade que lançaste sobre mim
O brilho era intenso e dele brotou uma rachadura por onde escorria opacidade em rama
E a flor do meu olhar quase murchou quando percebi que preferias desejar Feliz Aniversário
Para o pior inimigo a me dar uma carona, mesmo que esta carona fosse em francês
Tu és mesmo um excelente pintor, pois com uma só camada de desprezo
Ensinaste meu espelho a dizer em bom e desleal Português que Je ne suis pas qu'invisibilité

Meu espelho agora pede para minha mudez se calar e para minha voz  se resumir a eco da inexistência
Acordo e agradeço aos anjos por afastarem de mim os ventos que me pedem para ressumir

Mas, mesmo assim, sigo grato e sumido e perguntando
Quando tua indiferença se desesperará e suplicará para que minha ausência larga deixe de bater à  tua porta Estreita

Meu eu invisível deu a mão a um belo rapaz ou a uma bela dama sem gênero ou categoria.
E dançamos a mais linda valsa
Já vista
De repente choveu e a tinta começou a escorrer
E me vi sorrindo
Mas somente o só era visível
A invisibilidade do "rindo" podia ser vista de longe
Sem sair do figurino, estava vestido de adeus.
?E como tolerar o Boa Noite de um homem vestido de risos e de adeus

Agora a parte clichê do poema: Sem teu rosto sério, fica tudo meio sem graça
Embora não saiba definir o tudo, o sem e menos ainda o meio
A graça não é preciso definir
Nasceu num dia 11 ou 12 de setembro ou em abril, no dia da verdade
Graça à primeira vista depois de uma conjuntivite
Eu sei que não me enxergo
E por que, mesmo assim, não aprendo a ser invisível?

Agora o fim do poema, porque um fim com interrogação é como um começo com vírgula
E, na verdade, o começo é um ponto final que arriscou a sorte na roleta
Para ver se ganhava como prêmio a chance de se tornar reticências e adiar o fim
E se eu continuar invisível a ti, empresta à minha invisibilidade, Nobre,
Um pouco da cor dos teus secretos amores
Mesmo que esta cor venha diluída
Nos teus rancores explícitos
Ou em tuas dores








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