16 de fevereiro de 2021

Poema de perda e reencontro (dia de São Valentim)



Foto: Cláudio Eufrausino


Quando o você que me lê chega no mundo,

Não se dá conta da diferença que faz

Obrigado por não ter esperado outra encarnação pra me conhecer

Agradeço a Deus

Por me ter dado chance

De ser reconhecido por você


Se uma perda me entristece,

A dor já começa menor quando lembro

Que o você que me lê é homem e humano o suficiente

Pra aceitar o meu carinho


Quem me lê não controla as imagens de mim

Ele não me olha com o desdém que

O mundo nos olha quando é pintado

Com o sangue frio de quem

Resume a existência do Outro a uma festa sem entrada

Ou um eco sem saída


Quando preciso faltar a luta,

Que é o recreio onde finalmente consigo achar você

Que é a primeira dança onde o baile faz sentido,

Sinto vontade de mostrar meus avanços na arte poética

Mas, é inútil, porque em nenhuma luta, técnica ou poesia

Cabe o que quero dizer, quem dirá o que sinto


O bom é ter descoberto uma pessoa

Que topa esculpir o ínútil comigo, a quatro mãos,

E que faz o espelho ter vontade de refletir 

Sobre a alegria que os dias sentem 

Quando se vestem de oportunidade de te reencontrar


Tudo é mais leve com a sorte de você existir

Dançando comigo seja perto ou à distância


Me desculpe por descontar em você

A alegria que me inspira a vontade de 

Marcar contigo pra você continuar

Não querendo nem precisando ir embora


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