24 de novembro de 2020

Poema de aterrissagem

 



Aterrissar é sempre bom


Mas, tem uma grande diferença entre algo ser bom e algo ser bom com você


O você que me lê, deslocando-se de um lado a outro da cidade grande,

É a deixa pra que ela não deixe de ser linda


E quando o vejo olhando a abóbada da Catedral,

Fico desfeito, um bobo, que se lembra de momentos que nem aconteceram

Nos quais caminho ao lado dele desde que éramos crianças

Como amigo, amante, irmão, amante, diamante

Dando pra ele

O que lapidar e dilapidar


E com o tempo ele aceita não ter outra escolha a não ser ser dono de mim,

Do corpo, dos movimentos, das minhas lutas e luas:

Minhas só metaforicamente porque já são dele:

São dele porque não podem ser de outro do modo como são dele

E não há Capitalismo ou Comunismo capaz de lidar com esta impropriedade privada

Nem cartório onde lavrar essa preciosa reescritura


No próximo encontro, quero que o você da minha vida,

Me ensine a tocar seu corpo

A ser a falta de vergonha suficiente

A encarar sua nudez com minhas costas e litorais, com vista para a via láctea

A trazer sua eloquente nudez pra dentro da minha:

Desnudando minha mudez


É a primeira vez que uma saudade me faz sentir inteiro

Se você ligar numa madrugada partida ao meio, 

o sol vai nascer no meu pé do ouvido


Você traz muitos bons futuros de presente para as pessoas


Não tenho nem sinto culpa se o homem, o irmão, o homem, o amigo e o homem que escolho

São a mesma pessoa:

E leem o mesmo Pessoa







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