22 de agosto de 2020

Poema de sexta

Foto: Cláudio Eufrausino


Sou tão corpo

Arrisco-me a dizer que a verdadeira membrana que me plasma é o abraço

E minhas mitocôndrias respiram a falta de ar do beijo 


¿ E quando a felicidade nos empresta uma presença-distância que

Faz da queda da Internet a luz de velas de um jantar navegante

Onde Odisseu não é mais seu ou de mais ninguém?


Perdoe a falta de tato, mas preciso de um toque sobre quando poderei dedilhar,

À sangue quente,

A linha do Equador nos teus corpos e cavernas com direito a turbulência e a cala-frio


Amar quando se é abraçado é um sonho

Mas, amar também o abraço que não se pode abraçar é sonho que não teme ser realidade


Amar sendo texto principal é uma dádiva

Mas, amar sendo epígrafe dos capítulos é onde a vida é ávida


A maior parte do tempo de quem amamos é feito de onde não podemos estar juntos

Saber que existe quem faça este quem feliz, nesse onde onde não estamos,

Me traz o alívio de cifrar 

A música tocada pelo mistério da fé


Sair pra dentro de casa numa sexta à noite vira pleonasmo legítimo

Quando se está na melhor boa companhia

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