12 de novembro de 2015

Dando férias à poesia


Frida Kahlo - Paul Lovering


Talvez, alguns sistemas solares achem descanso
Com as férias de minha poesia
E por que sinto que, quanto menos o amor trabalha, mais cansado se torna o amanhã?

Minha poesia é ridícula, radicularmente ridílouca
Não a culpo, ela somente luta pra sobreviver a uma reforma
Que a fará deixar de ser sala de espera

Poesia que prefere não se enganar
Mas, soa estranho aos olhares prosaicos ler uma poesia desenganada, porém revivescida

Sinto esse poema tão igual a tantos outros tantos
Mas, o sol se parece tanto com ele mesmo todas as manhãs
E, nem por isso deixa de ser absurdamente incomparável

Os poemas costumam ser propostas indecentes
Vândalos que pedem licença para entrar
Mas jamais são estupro

Depois das férias,
Minha poesia órfã apagará o nome de Alguém de suas linhas viúvas

Queria perguntar a quem lê se é muito criminoso tomar a iniciativa:
Ligar para quem não atende;
Escrever para quem não liga;
Marcar com quem espera que caia do céu algum imprevisto para não comparecer ao encontro
Mendigar para quem só dá o que tem

É uma arte perceber que a chatice não opera sob o regime de monopólio
Assim, diminui a culpa de quem, no fim da visita,
Isto é, logo depois de tocar a campainha, sente-se inoportuno

Mas, saiba:
Posso dizer agora que desejo que nossos humores se misturem
Sobre a tela de nossos corpos nus e envolvidos
Mas entre o dizer e o fazer, a valsa do querer recíproco (ou tricíproco, ou quadricíproco...) será sempre o liame
Pois a poesia pode tirar férias, ser ideologicamente falsa, perder a memória,
Mas, o impulso da lealdade continuará correndo en mis venas

Sabendo quem é e de qual veio veio.


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