Fonte: Extreme Science |
Sábado passado, uma reunião de amigos me fez perder o velho
medo de ser o Amigo da Vez (aquele que não bebe para poder dirigir). Antes, me
dava um certo receio de ser este personagem, como se o amigo da vez acabasse
destinado a ser o careta sobre o qual a “vaca profana”, da poesia de Caetano
Veloso, fosse jogar seu “leite mau”. Afinal, entre os que estão bebendo, o "sóbrio" meio que parece um espião livre da blindagem da liberdade que nos chega quando
vestimos nosso sangue com dosagens de álcool censuráveis pelo bafômetro. A verdade
é que é difícil deixar de enxergar no não-ébrio um tipo de censor ao qual
estariam expostos aqueles que, sob os auspícios de Ceres, voluntariamente
desligam seus campos-de-força.
Os (in)confidentes do Libertare compartilharam de sua
embriaguez comigo. Sem beber meia gota de álcool, fiquei bebinho: uma
embriaguez semelhante àquela descrita pelo apóstolo Paulo como embriaguez do
Santo Espírito.
Chegou uma hora em que falávamos em línguas estranhas, mas
tudo fazia tanto sentido. E a embriaguez por correspondência nos fazia
experimentar os mais diferentes dons: da profecia, da sabedoria, da cura e,
certamente talvez, do amor e outras virtudes que traziam húmus aos meus in(sensos):
de justiça, de humor, et alli. E a
memória de Nietzsche foi convocada para demonstrar que a vontade de potência
precisa tanto do elefante quanto do ratinho para se expressar em plenitude: não
pode ser plenamente potência a potência que abre mão de ser fragilidade.
Aquela tarde-e-noite conseguiu expulsar de mim tantos “demônios”:
não daqueles de chifre, rabo e voz de Darth Vader, mas sim daqueles que tentam
nos convencer que todos os lugares do cinema-mundo estão ocupados. Todavia,
contudo e, porém, no próximo encontro, vou querer deixar que a “vaca sagrada”
jogue "la leche buena" (leia-se tangirosca) na minha cara.
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