Foto: Dorival Elze |
O Homem que foi morto e ressuscitado antes mesmo de morrer.
Este poderia ser o título de algum dos causos contados por Ariano Suassuna.
Mas, neste caso o personagem principal da história é o próprio Ariano, que, de
tão querido, começou a ter sua morte lamentada enquanto ainda estava em coma e
após sua morte teve sua ressurreição decretada pelo próprio mártir Dom Sebastião. “Não sei... Só sei que foi assim...”
Ariano Suassuna fez Nossa Senhora romper com o silêncio e honrou
o título de “Advogada Nossa”, concedido a ela na oração da Salve Rainha. Uma
Nossa Senhora capaz do maior ato de coragem que um ser humano pode ter: o de
convencer Deus que o ser humano é digno de perdão.
No mesmo Auto da Compadecida, o Cristo de Ariano era negro.
Isso em 1955, nove anos antes do discurso no qual o presidente norte-americano
Lyndon Johnson defendeu a Grande Sociedade, onde todos pudessem ser tratados
como iguais independentemente de raça, credo ou cor da pele.
E muito desse perdão que desenhou os gestos da Compadecida
devia estar presente no próprio Ariano, capaz do maior ato de coragem que um
ser humano pode ter: o de vencer pelo riso. Na escrita de Ariano, o perdão se
confunde com o riso.
Lembro que, nas aulas dele, ele sempre propunha uma
diferença entre Brasil oficial e Brasil real. E, desde então, quantas vezes, ao acordar, apalpo-me e me pergunto se sou um eu real ou um eu oficial. Isso porque nunca vou conseguir saber onde o outro - esse atraente pêndulo - pende para a oficialidade ou para a realidade...
Ariano também lembrava, em suas aulas, de como detestava viajar de avião, principalmente por ter medo da voz das locutoras dos aeroportos, que, a exemplo da voz da secretária eletrônica de cartões de crédito, parece ser sempre a mesma voz. Para Ariano, não havia melhor maneira de descrever o inferno do que viver de um aeroporto para outro tendo que ouvir sempre a mesma voz padronizada da locutora de aeroporto.
Ariano também lembrava, em suas aulas, de como detestava viajar de avião, principalmente por ter medo da voz das locutoras dos aeroportos, que, a exemplo da voz da secretária eletrônica de cartões de crédito, parece ser sempre a mesma voz. Para Ariano, não havia melhor maneira de descrever o inferno do que viver de um aeroporto para outro tendo que ouvir sempre a mesma voz padronizada da locutora de aeroporto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário