O filme Planeta dos Macacos, o Confronto, une as duas
beiradas mais ancestrais do imaginário humano: a nostalgia do paraíso e o medo
do Apocalipse. Mas, é possível também abordar estas beiradas de outra forma: o
medo das origens e a esperança do Fim.
Qualquer destas beiradas nos conduz a um enigma que
intermedeia a relação entre Paraíso e Apocalipse (entre origem e fim): quem é o
grande culpado?: a barbárie ou a civilização?
Para Rousseau, como é sabido por quem bem o sabe, a bondade
se confunde com a selvageria, isto é, ser bom significa necessariamente estar
imune à civilização. Planeta dos Macacos questiona este ideal, ao apresentar um
contexto em que mesmo sendo contaminados pela “racionalidade”, os animais
conseguem desenvolver uma aspiração comum pelo convívio pacífico e pela
preservação recíproca.
Apesar de saberem comunicar-se por meio de palavras, os
macacos humanizados optam pela linguagem do gesto. A fala é reservada
exclusivamente para a comunicação com estrangeiros (leia-se os humanos) e a
escrita para a transmissão da sabedoria comunal, resumida a lemas como “Macaco
não mata macaco”.
O filme coloca lado a lado a lenda do Eldorado, lugar de
inocência paradisíaca, habitado pelos macacos, e uma terra devastada pela
doença e pela guerra, onde vivem humanos que sobreviveram ao Apocalipse.
O
confronto entre humanos e macacos parece, em certos momentos, ser pautado não pela
diferença entre estes grupos, mas sim pela disputa entre Eldorado e Apocalipse
por um espaço comum: como se os conflitos e as guerras não fossem só fruto de
sentimentos já conhecidos como ambição e ódio e fossem também resultado de uma
inveja recíproca, um estranho magnetismo que faz os moradores do Eldorado serem
irresistivelmente atraídos pelo desejo de experimentar o Apocalipse e as
vítimas do Apocalipse pelo desejo de retornar ao Paraíso. Isso levando-se em
conta que o Paraíso, na maioria das vezes, é a tentativa desesperada de
devolver à memória os nuances, cheiros e texturas roubados pelo futuro.
Na história da filosofia sobre o conflito entre barbárie e civilização, Thomas Hobbes vai dizer que a civilidade foi benéfica (contrariando Rousseau) pois, em “estado natural”, o homem tende a ser “lobo do próprio homem”. Em Planeta dos Macacos, esta máxima de Hobbes é enxertada pela contradição e parece proliferar-se em alternativas como: “O macaco é o lobo do próprio homem” ou o “O homem é o lobo do próprio macaco” ou “O macaco é o homem do próprio macaco” ou ainda “O homem é o macaco do próprio homem”.
Não deixe de ler também A origem de O Planeta dos Macacos - o elo perdido e suacontaminação pelo vírus do caráter humano
Na história da filosofia sobre o conflito entre barbárie e civilização, Thomas Hobbes vai dizer que a civilidade foi benéfica (contrariando Rousseau) pois, em “estado natural”, o homem tende a ser “lobo do próprio homem”. Em Planeta dos Macacos, esta máxima de Hobbes é enxertada pela contradição e parece proliferar-se em alternativas como: “O macaco é o lobo do próprio homem” ou o “O homem é o lobo do próprio macaco” ou “O macaco é o homem do próprio macaco” ou ainda “O homem é o macaco do próprio homem”.
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