Fonte: Tô Passada.com.br |
Uma amiga me apontou
um site que fala sobre uma peculiar campanha de Natal recém lançada: a Campanha Natal Sem
Simone, sintetizada em alguns comentários de internautas, como:
“Se eu ouvir mais um ano a Simone dizendo que é Natal, eu
juro que me jogo da Ponte Rio-Niterói”
“Tem que ter um saco do tamanho do saco do Papai Noel pra aguentar essa
Mulher berrando que é Natal”
Mesmo sem ter muita certeza se o texto lido é ou não
verdadeiro, resolvi dar a ele um voto de confiança e refletir sobre o assunto,
tomando como ponto de partida a observação feita por outro internauta: “Natal
sem Simone, não é Natal. Quem vai fiscalizar? O Papai Noel?”.
Nada contra Michel Teló, nem contra a fugidinha e seus
derivados. A exemplo de Tom Zé, acho mesmo que a música Ai se eu te pego é uma
das maiores sacadas da humanidade junto ao princípio de Arquimedes.
O propósito dessa postagem é criticar o aberrante “espírito
crítico” de certa parcela dos brasileiros. Não compreendo como num país amante
do fenômeno da música chiclete, pessoas conspiram para proibir que a canção “Então
é Natal” - versão do clássico de John Lenon, interpretada pela cantora Simone –
seja tocada nos shoppings centers.
Um dos passatempos prediletos de milhares de brasileiros tem
sido o de ajudar músicas a se tornar virais na Internet. E não esqueçamos do
histórico de nossa nação em gerar ondas (e, mais recentemente, tsunamis): a
onda Lambada, a onda Axé, a onda Sertanejo, a onda Funk, a onda Universitária (com
suas sub-ondas Forró e Sertanejo).
A sensibilidade auditiva, em nossas paragens, parece ser
regada a conveniência e cinismo. Como ouvidos que celebram o Créu, em
diferentes rotações, acham insuportável a ladainha “Então é Natal”?
Coerência zero, n’est pas? Isso tendo em vista que grande
parte dos “novos” hits do “momento” são releituras de canções do passado. Qual
seria o destino do cancioneiro popular se o STJ proibisse que fossem feitas
releituras de canções? É possível
obrigar versos como “Fecho os olhos pra não ver passar o tempo” ou “Nada do
que foi será de novo” ou “Não quero lhe falar meu grande amor” a ficarem em
silêncio? Sintam-se à vontade para falar
sobre o assunto os servidores do STJ e também Papai Noel.
Certamente talvez, não é intenção desse texto, dizer o que
deve ou não ser ouvido, pois, assim como os surrealistas, acredito que a
audição e o paladar ainda são os sentidos que conseguem melhor driblar as censuras e
ditames dos padrões culturais.
A questão é tentar, minimamente, entender a lógica da
relação que o Brasil tem estabelecido entre liberdade e censura. Vende-se a
ideia de que se está exercendo a liberdade ao se levar uma determinada forma de
expressão cultural à exaustão ou à extinção. E, assim, busca-se experimentar a
singular e intransferível sensação de ser livre por meio da repetição, ad infinitum, ou da tentativa de fazer com que determinada expressão cultural seja para
sempre silenciada ou mesmo aniquilada.
Parece que Simone caiu na armadilha do paradoxo que insiste em assombrar a história brasileira: uma história onde, num mesmo encontro de corpos, revezam-se o abraço
acolhedor e a intolerância ditatorial. E me pergunto em qual dessas vertentes deságua o abraço que nos reserva o STJ.
A INTERPRETAÇÃO DELA É CHATA, A MUSICA É CHATA, A MELODIA É CHATA E VC É CHATO. É ISSO QUE AS PESSOAS ESTAO ANALISANDO. VC ENTRAR NUNHA LOJA E TER QUE OUVIR ESSA CHATISSE , ISSO E DEMOCRATICO?. DEMOCRATICO EM UM AMBIENTE COLETIVO É NAO TOCAR MUSICAS OU TOCAR MUSICAS ESPECIAIS PARA O AMBIENTE, O MAIS NEUTRO POSSIVEL. E NORMALMENTE SAO INSTRUMENTAIS.
ResponderExcluirObrigado pelo elogio. Agradeço pela visita ao blog. Abraço grande!
ExcluirO povo Brasileiro realmente merece os politicos que tem, é brincadeira que uma assunto deste pode ser serio, quando tomei conhecimento não entendi do que se tratava agora lendo esta e outras materias continuo sem entender, como em uma epoca em que se comemora o nascimento de Jesus aspessoas não consehuem ouvir uma bela canção, cantada por uma das maiores vozes que o Brasil possui. Vai entender, por isso que muitos brasileiros não sabem ouvir musicas. Walerson.
ResponderExcluirTambém acho. E acho que o posicionamento da Justiça reflete uma tendência ditatorial que persiste em nossa cultura. E é comum, no Brasil, desviar a atenção de problemas que realmente a merecem por meio de bodes expiatórios. Obrigado pelo interesse no blog. Espero outros comentários. Abraço grande!
ExcluirEncantada com o blog!!!
ResponderExcluirMuito obrigado. Fique à vontade pra comentar que eu adoro ler os comentários. Abração
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