Se nesse Ano Novo, toda máscara puder ser fora jogada,
Haverá lugar para os rostos?
E se toda ruga ou marca puder ser apagada
Haverá lugar para o tempo?
Fingimos querer a cura,
Mas como aceitar a cura
Sem aceitar do outro a procura?
E sem aceitar da procura
o por do sol, a loucura?
A vacina virá
Mas, o maior legado deixado pra nós
Pelo abnegado ano passado
É entendermos
Que não cabe a nós vaticinar
Prever o que vai ser do eu, do outro
Do ceú ou do inferno
Que a cura e a vacina
Ativem em nós o desejo de deixar viver
E não a sede de cancelar o que é diferente
De cancelar até que só sobre o eu só
Em seu sobrado sem teto
A mão que vai nos vacinar
Não seja a mão invisível do mercado
E que a cura pra pandemia
Liberte o mundo da sina das grandes fortunas
Pra que seja finalmente libertada dos campos de concentração
a potência dos sonhos
das Áfricas em transe que moram em cada continente
Que os fogos de arte e ofício
Ao brilharem no piscar de olhos dos sinos,
Denunciem o Ano Novo Secreto que mora em todo ano novo
Plantando o solo onde a única fome que existirá
Será a de abraços
Que, independente de va(CS)ina,
Vencem as flores de aço e cansaço
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