Câmara lenta
Pedi a um grilo verde, cujo apelido era esperança, cantar em
câmera lenta
E ouviu-se um coro de anjos cantando
Descobri que os anjos são agentes secretos infiltrados até
nas gotas de orvalho
Esperando a chance de ajudar os que amam em segredo
A dizerem o que sentem
Tenho menos medo de te desapontar
Do que de despontar num horizonte de ponta a cabeça
No qual importo pra ti menos que uma porta que
Em vez de batidas, ganha paradas cardiorrespiratórias
Meu ouvido recostado no teu plexo
Vira um caminho de caminhos descomplicados
E lá no fundo, ouço um cheiro de noz-moscada
Porque uma palavra bonita dessas só pode ser algo bom
Quem sabe eu fique menos tímido se, em vez de dizer “Te amo”
Dissesse “Noz-moscada”
Queria ser uma mosca pra ver o que calamos um ao outro
depois
Do centésimo primeiro beijo
Me entristece você pensar em ir embora
Enquanto espero na antessala do teu estar comigo
A tristeza está brincando de durar menos
E o sol está pensando seriamente em ser capaz de nascer num
horizonte
Que o tenha convidado
Você nunca pegou num arco
É mais que meio frouxo e meio atrapalhado
Mas faz companhia a minhas quedas e tropeços
Ajudando-os a aprender a ser soerguimento
Só não esqueça que existem outros sóis à espreita
Não sei bem o que estou dizendo, mas preciso dizer
Que me conforta o som do teu zap me visitando de madrugada
Queria poder ouvir este som tocando em câmera ultralenta
E descobrir que ele esconde uma linda sinfonia reencontrada,
chamada “Vem comigo”
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