Fonte: Stolpyka.pl |
Os filósofos brigam há milhares de milênios para decidir se
o passado
É algo que realmente passou
Ou algo que continua passando por nós
E não sei se somos como serpentes, que trocam de folhagem,
mas não trocam de veneno
Ou se somos como árvores cujo coração é formado por
incontáveis passados concêntricos
E não quero pensar que o núcleo de todas as circunferências
é uma parada cardíaca
Passem os boa-noites não correspondidos
Os abraços devolvidos pelos Correios, pelos co-reios
Os abraços réus da distância que não passa
Do presente que algumas vezes é tão duro que faz de nós
mesmos um passado perdido no tempo
Passe logo esse futuro do pretérito que se esconde em nossas
ações para rir de nós
Confessaria, mas não confessei
Calaria, mas não calei
Amaria, mais e mais
Sorriria: dois risos presos num mesmo verbo
Sinto que tantos mal-assombros passam por mim e se despedem
E agoras cheios de “o suficiente” me saúdam em todas as
estações que a esperança
Escreve ao longo das linhas tortas da mão de Deus
Sinto muito que não mais porque sentir tanto pelo que não
vale a pena, nem o pássaro, nem o anjo e muito menos o voo
E os dois olhares que um rosto lindo me traz ficam em
silêncio
Respeitando a chance de minha cegueira iluminar-se, ao beber
do olhar-me que brota
Com radiante refrescância das pazes que estou aprendendo a
fazer comigo mesmo e comigo outro
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