el acuario mas pequeno del mundo Fonte: Putzgrilo |
O Aquário
Me aproximava de ti
E tu acenavas para uma bela menina
Pensei comigo: mais uma estratégia para
evitar que eu me aproximasse
E o contaminasse com minha pele e minha
falta de tato
Luta de mil dias sem sono esta
Entre a hipertrofia de minha mente
E os fantasmas alheios invocados pelas
impressões mal costuradas batizadas pelo disse-me-desdisse
Que vergonha chegar
Entro nos aquários
E o silêncio feito de risos estridentes
Me faz sentir vergonha de ser humano e
também de ser peixe
E peço a Jesus que deixe para me
multiplicar depois que a vergonha passar
E minha poesia é uma manhã infantil
precisando do oceano profundo do teu colo
Não demore, pois antes que eu seja pescado
pela trama do destinacaso
Quero sentir como é acordar teu cochilo
dizendo: "Amor, preciso ir pra casa terminar a tese"
Me ajuda a entender que posso ser atraente
pelo meu calor e não por ser um ímã de ditadura e culpa
Despe a veste de erro que cobre meus
ombros
E beija o ventre do meu pescoço (em
francês, espanhol, inglês e português)
Com teu rosto de mármore, barba feita de
restos de lua nova, de nicotina
E de carinho seco, retinto
Enlouqueci?
Rezo para tu acordares
E passei a gostar de gatos
E eles a gostar de mim, pois, por mais interesseiros e ariscos e
na deles que são
Eles me fazem imaginar como é acariciar tua fofura embrabecida
Dou carona a teu anjo da guarda
Pensando como seria o dia em que tu não terias medo ou nojo da
minha companhia
E espero o dia em que minha poesia aposentará o lamento
É que pelo menos quinze horas do dia sou obrigado a ser decidido,
doce, austero
E se eu não me lamentar em cinco minutos sequer de poesia
Vou dar chance de a profecia estúpida de Doistoieviski se cumprir
E eu me tornar um rato que continua a ser humano
Antes o amor do que as profecias estúpidas de um escritor filósofo
Que meu Boa noite proteja de liberdade teu sono na Venezuela, em
Recife, em Londres, Paris, às margens do muro caído de Berlim e aqui.
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