Foto de Gilmar Carneiro |
Rosa-cobertor
Por Clécio Vidal
O importante é que as rosas cheguem
Um pouco hostis mesmo que sejam
Porém orantes, consagradas a tua vida
E escorram lenta e docemente,
Pelas vértebras de tua cegueira,
Vinho Novo que destrona a treva e desabrocha andaluz
Nossa Senhora aparece e acena
Da porta que espera aberta pra ti
E todo milagre se torna de Novo primeiro
E, embriagado, o caminho
De quem se deixou amar
Bate asas e sai derramando
Pétalas
Até a lágrima
Entalada
Desaguar num oceano Novo, pelos séculos dos milênios
Importa que teu DNA se encha de
Alegria e que uma rosa
Nele se instale, abraçando apertado
A desoxirribose
Pois, se rendo homenagens aos vivos
As friezas e tibiezas se rendem
A um amanhã todo esperança
E quando rendo homenagens aos vivos
As rosas se descobrem cobertores rendados
E acolhem nossos corpos
Abraçados, admirados
Diante do reflexo do coração de Deus,
Reflexo que se chama Maria
E não tem vergonha de arderamar
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