16 de outubro de 2012

Poética da aterrissagem

Foto by Jordon Cooper


Aterrissar
Um poema de Quiaimandré

Toda vez que tu retornas meu peito levanta voo
E toda minha doença fica no terminal de passageiros
A cura não vem sem dor e, para desespero da saudade, não está de passagem
Veio para ficar, como uma cigana que monta prisão perpétua no chão incógnito da liberdade
Quando, mesmo sem ir te buscar,
Chego na hora exata de te encontrar
Embora a falta que sinto do abraço que não me deste
Chegue adiantada
Enquanto o abraço que sonho te emprestar
Sempre se atrasa e deixa de cumprir seu descompromisso
Não vou te dar um abraço
Vou te emprestar um
Para ter o pretexto de que me devolvas este abraço com juros
E prometo que o juro do abraço é a graça de um beijo
Cada vez que te reencontro
Agradeço por teres aterrissado em segurança,
Um Alguém tão lindo: que faz a mais linda paisagem
Pecar por falta, virando esboço
E salvar-se por excesso, na medida certa da utopia


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