Estrutura fóssil |
O primeiro analista do discurso não foi Foucault, nem Pêcheux. O primeiro a “descobrir” o Novo Mundo do Inconsciente não foi Breuer nem Freud.
O inconsciente e a análise do discurso foram inventadas por Nicolaus Steno, bispo e cientista austríaco que viveu entre 1638 e 1686. Embora não tenha sido ele a criar estes “nomes de fantasia”, foi o primeiro, talvez com certeza, a ver o mundo e a natureza como terrenos formados por camadas ou níveis.
Steno surpreendeu ao formular a teoria dos fósseis e demonstrar que os dentes de tubarão incrustados em rochas eram de fato dentes de tubarão, mineralizados pela ação do tempo, e não dentes caídos da boca de um dragão lunar e depositados no ventre da Terra.
Nicolaus Steno |
As antenas do inconsciente coletivo captaram esta ideia de Steno e a transportaram para o início do século XX, fazendo-a florescer na mente de Freud, que geologizou o espírito humano, chamando de inconsciente as estruturas fossilizadas da psiquê.
Pensadores como Foucault e Pêcheux, da escola francesa, terminaram por fossilizar a linguagem, dando origem ao que se chama de Análise do Discurso. Se bem que não seria errado dizer que a Análise de Discurso francesa teve origem com um alemão: Nietzsche, que percebeu a filologia não como um inventário de anacronismos das línguas, mas sim como o estudo da língua como composição complexa de camadas temporais que se interpenetram (a exemplo do que ocorre com estruturas fósseis).
Não deixe de ler, aqui, a segunda parte desta saga.
Nenhum comentário:
Postar um comentário