Cena do filme "A noiva-cadáver", de Tim Burton |
Gostaria de deixar como mensagem de Ano Novo, aos queridos leitores do Acedia, o texto de mais um ilustre poeta desconhecido. Cerevenise Stür é uma poetisa teutã, do século XVI. Não tenho ideia de como sua poesia foi traduzida para o Português, pois, ao contrário do que fiz com Clistarco Sepúlveda, acabei fazendo a besteira de não anotar a pequena introdução sobre Stür, que havia no livro do qual tirei as poesias dos que apelidei de "Ilustres Poetas Desconhecidos". Em outras postagens, contarei mais sobre este livro.
A noiva - poema de Cerevenise Stür
Tenho medo não de enfrentar a tristeza, mas de ser desleal no combate contra ela
E ser leal é reconhecer que esta adversária também é nossa amiga,
Tudo o que ela quer é nos ensinar a cicatrizar
Os ódios almejam ser eternos
As amizades almejam ser eternas
O amor almeja ser eterno
E tudo que a tristeza quer é cicatrizar as feridas
Para que a eternidade, em vez de um corte aberto,
Seja uma corte de esperanças
O mau não está na tristeza
Está nas eternidades que não cicatrizam
O mau não está na eternidade
Está nos disfarces de eterno trajados pela escravitude
A tristeza é uma bela moça de passagem
Recolhe do caminho as frustrações
Escolta os passos da fé
E convence a dor a desamarrar os cabelos
E os cabelos da dor quando soltos ao vento e ao sol
Serão qu'outra coisa que não a vitória da esperança?
A tristeza se permite ir embora
E se encanta ao ver que o rastro de sua distância
É uma grinalda de anos novos
De sonhos puros
Para os sérios,
Para os raivosos
Para os mansos
Para os extrovertidos
O buquê que a tristeza atira para trás
É amor
Amor desobsessionado, puro como a liberdade e a intenção que esvazia o inferno
Que colhe milagrosamente
Sorriso nos desertos da seriedade
E respeito nas miragens da galhofa cínica
Todos, homens e mulheres
Hão de querer pegar esse buquê
E se casar
Com os sérios
Com os gaiatos
Com os tácitos
Com os tagarelas
E se casar
Com o ser humano
Com este Novo Mundo
Cuja graça se divide
Entre o que dele se descobre
E o que dele se encobre
Com esta invenção
Que é antiga como o vento
Que sopra teu rosto agora
E nova como o vento que soprou teu rosto outrora
E sem tempo como o vento que sopr... teu rosto amanhã?
E a tristeza, além do buquê, atira para trás também a aliança
Pois seu compromisso - monsieur, madame - é não ter endereço
Que não seja a promessa de cicatrizar
Os tempos que se escondem na alma
As almas que se revelam nos tempos.
Um Feliz Ano Novo a todos e todas :D
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