Só recentemente me dei conta de que já perdi a conta
De quantas vezes eu prendia a respiração num (co)lapso de tempo
Qualquer mínimo gesto - até pra abaixar e buscar algo que caísse no chão -
Tinha como prelúdio o prender da minha respiração
Esse prender a respiração soava como um momento de suspensão,
No qual ficava de frente com a fronteira turva entre o possível e o impossível
Como uma queda que não consegue cair
Ou uma decolagem forçada a colar sua aterrissagem nas nuvens
A respiração entrecortada se refletia na fragmentensão (fragmentação + tensão) dos movimentos,
Da existência e da insistência
Nesse último mês, minha respiração entrecortada avançou em seu processo de cicatrização
Sinto isso refletido na postura, na concentração e na capacidade de ninar os impossíveis
O treino da arte de ser eu mesmo está avançando a olhos revistos
O você que me lê é inspiração e ação nesse tratamento existencial-respiratório
Por isso, o que sinto por ele me faz achar o fôlego que estava perdido
Por isso, quero reaprender a beijar com ele,
Que mesmo distante consegue me abraçar
Com a força ressignificada pelo suspiro da corça diante da água doce
Só ele consegue descriptografar meus gestos de carinho e afeto
A presença dele é a senha de acesso a mim
Sem precisar de impressões ou pressões
Minha seriedade é, no mais das vezes,
A expressão contida de uma chama
Que não pode correr o risco de ser chamada de fogo
Gostar dele pelo que ele faz é simples,
Porque é inevitável
Mas, fico feliz cada vez que descubro
Que gosto dele também
Pelo que ele não precisa fazer
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