Foto: site Sobre Vinho |
Em trânsito
Não te olhar hoje evitou que minha pupila tivesse um infarte obtuso
Escolha qual opção me resta: pensar que estive o tempo todo enganado ou que sou louco
E convença o Descartes que mora em mim de favor a reler a lenda de Tell e refazer sua máxima:
"Penso, logo mentes"
Que vontade de te descartar, de abrir o peito e dizer: Sou feliz como nunca
E fingir que o passado é uma infração ultraleve, que não conta pontos,
Mas, loucura mesmo é esperar que, em sã consciência, advirtas-me
Sem escrita, lei, edital
Obrigando a liberdade a publicar uma resolução
Onde abraçar deixa de ser sinônimo de dirigir na contramão
Amanhã, devo amanhecer sem esta vontade doída de ir embora de mim
Porque a carteira de habilitação do sol disse "Dane-se" à categoria
E suspendeu meu direito de desistir de amar por tempo indeterminado
Antes que o engarrafamento cesse
Antes que a lágrima de açúcar descongestione meu sentido do olfato
Espero me encontrar contigo no fim de semana
E tomar um cálice de vinho sem porto
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