Para desempatar o placar da eleição, suguei 13 vezes o
mamilo esquerdo e 45 vezes o direito. O
que não dava era pra anular o gozo por conta de uma divergência política. O
território dos meus beijos e carinhos é a Suiça. Devoto aos lençóis brancos com
cheiro de luz solar mais credibilidade que a qualquer estatística, pois como
sabemos os números também têm sua parcela de irracionalidade.
Se é pra celebrar a margem de erro, prefiro a margem de erro
do amor à das estatísticas. Sou voto vencido, visto que amo, com margem de erro
de mil sambas percentuais para mais e mil tangos percentuais para menos. E que
o Bolsa não seja uma prisão perpétua, um convite a permanecer à margem,
acreditando que o único sonho que resta para nossas crianças é se tornar
jogador de futebol.
Brasil, não abandone sua vocação diplomática de paz. Não apoie os conflitos no Oriente Médio. Não goze com o pau beligerante alheio.
E que a vitória da Estrela Vermelha deixe para trás as
sombras ameaçadoras de uma Guerra de Secessão tupiniquim. Unam-se o norte e o
Sul e gozem, e deixem o Brasil se tocar por inteiro, conhecendo o gozo de A a
Z, com sotaques mineiro, gaúcho, pernambucano, paulista e todos os outros.
Permitamos a entrada do Outro no território do Mesmo. Os sotaques, todos eles,
sempre me excitaram, mordendo minha orelha e me eletrizando a espinha.
Acusam os médicos de quererem ser deuses por não quererem
trabalhar nos Interiores. Mas, como ter ânimo para desbravar as zonas erógenas desse
País a troco de R$1500 réis? De olhos
bem vendados, os médicos procuram sem resultado por macas, leitos, remédios e
encontram Mais Médicos prescrevendo doses cavalares para crianças e assinando
diagnósticos de “virose bacterial”.
Na Coreia do Sul, professores do ensino fundamental têm
doutorado e estão no topo da pirâmide social. Comecem de uma vez, no Brasil, os
40 anos que honrarão o adjetivo fundamental e ajudarão a ciência brasileira a
vencer o crescente apelo dos fundamentalismos: a versão mais dantesca do gozo
reprimido.
Não abro mão do beijo do (a) eleitor (a) brasileiro, tenha
ele votado em Dilma ou Aécio, ou se abstido, pois o senhor do meu gozo não é um
partido político e meu prazer não floresce do apertar de um botão. Não vou
reduzir meus afetos a cinzas e depositá-las em urnas eletrônicas Aliás, meu
gozo não tem Senhor; é anarquia devassa e pura e lilás.
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