16 de maio de 2025

Sobre o novo e o de novo: usos e significados do prefixo "Re"

 





Chega e meu olhar começa a treinar

Como dizer em alto e bom perfume 

Que a alegria de rever você não precisa ser dita 

Nem medida

Por grandeza ou fome

Medidores não passam de medos e dores aglutinados


Gosto de pensar que você tem uma cópia

Da origem-fim que, disfarçada de chave, abre a porta da distância

Dando tempo ao tempo, até que nossa proximidade chova: sem precipitação


Sinto você prestar atenção no meu silêncio

Espero que tenha notado que até minha dispersão presta atenção em você


A vida tem mais sabor quando seu abraço forte e sem braços 

Revida meu carinho disfarçado de responsabilidade

E o furacão que, vez por outra, inventas de ser,

Também me abraça, domando minhas redomas


Cada reencontro nosso é motivo para meu silêncio orante

Agradecer por a vida não desistir de ser luta que tem como alvo

O horizonte e não a vitória

Você me faz sorrir de alto a baixo,

Rasgando o véu do tempo


Tomara que, se o sono me vencer,

Meu sonho possa tomar a maré entre as mãos

E levá-la onde está seu olhar: farol do qual todo mar tem saudade

Farol que faz sumir a chance de partidas,

Que assume as chegadas

Que disfarça de resumo o amar



Me ensina a saltar sobre os desentendimentos,

Toma de assalto os sobressaltos que, vez por sempre,

Disfarçam-se de coração e batem dentro de um peito

Que treina o autorrespeito


Me ajude a navegar neste novo eu 

Que aceita ser força que se permite questionar

E reverência que não precisa se curvar

Um eu diferente que não se cansa de repetir

O gesto de você reencontrar e, em alguma desmedida,

Reencantar



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