Chega e meu olhar começa a treinar
Como dizer em alto e bom perfume
Que a alegria de rever você não precisa ser dita
Nem medida
Por grandeza ou fome
Medidores não passam de medos e dores aglutinados
Gosto de pensar que você tem uma cópia
Da origem-fim que, disfarçada de chave, abre a porta da distância
Dando tempo ao tempo, até que nossa proximidade chova: sem precipitação
Sinto você prestar atenção no meu silêncio
Espero que tenha notado que até minha dispersão presta atenção em você
A vida tem mais sabor quando seu abraço forte e sem braços
Revida meu carinho disfarçado de responsabilidade
E o furacão que, vez por outra, inventas de ser,
Também me abraça, domando minhas redomas
Cada reencontro nosso é motivo para meu silêncio orante
Agradecer por a vida não desistir de ser luta que tem como alvo
O horizonte e não a vitória
Você me faz sorrir de alto a baixo,
Rasgando o véu do tempo
Tomara que, se o sono me vencer,
Meu sonho possa tomar a maré entre as mãos
E levá-la onde está seu olhar: farol do qual todo mar tem saudade
Farol que faz sumir a chance de partidas,
Que assume as chegadas
Que disfarça de resumo o amar
Me ensina a saltar sobre os desentendimentos,
Toma de assalto os sobressaltos que, vez por sempre,
Disfarçam-se de coração e batem dentro de um peito
Que treina o autorrespeito
Me ajude a navegar neste novo eu
Que aceita ser força que se permite questionar
E reverência que não precisa se curvar
Um eu diferente que não se cansa de repetir
O gesto de você reencontrar e, em alguma desmedida,
Reencantar
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