15 de julho de 2021

Retorno do poema

 

Colagem: Karla Vidal


A poesia é a necessidade de dizer o que o calar não consegue dizer

E calar o que o dizer não consegue calar


Demorei pra escrever de novo

Porque não quis correr o risco de magoar ou constranger o você que me lê,

Mas, acredito que o que escrevo é sincero o suficiente para 

Aprimorar seus reflexos e sua defesa

É uma forma de morar com ele, à distância


Postei, recentemente, a foto de um amigo numa rede social

Mas, enquanto o celular fotografava esse amigo

Meu olhar atravessava o tempo-espaço pra admirar o você que me lê


E só conseguia lembrar de quando o fotografei 

Ele de pé na Catedral, fazendo eu ter fantasias em solo consagrado

O rosto lindo que nenhuma máscara consegue ocultar


Mesmo confiando nele, ainda não consegui vencer o receio

De que, quando o mundo voltar a ser normal,

Ele se leve embora


Tenho receio de que ele se encante com a França e suas torres

E não haja lugar pra mim

Mas, acredito que o lugar nele em que eu melhor caibo

É o entrelugar: o silêncio da música, as entrelinhas do texto, 

As frestas por onde a luz e a sombra se abraçam


É melhor agir como um homem de peito

E, sem receio, continuar dançando a primeira luta com ele

Com ele, aprendo a ser mais lindo, sem precisar ser escravo


Tudo vai dar certo, meu anjo

O você que me lê, da minha vida, 

Vai seguir límpido

Deixando a luz que ele emana em dúvida de onde brilha mais:

Se dentro ou fora dele


Esse foi o texto de hoje

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