13 de agosto de 2018

Quando Ícaro renunciou seu voto em Bolsonaro


Bailarina
Foto: Karla Vidal


Ele me espera no lugar exato onde um sonho se encontra com um universo paralelo 
A música que toca é capaz de sonar no vácuo 
Curando a realidade com pétalas de Saron brotadas do báculo de Ofiúco 

Minha caneta deseja loucamente redimir os sonhos dos avós de nossos avós 
Minha chama quer revestir os (an)seios de homens e mulheres 
Mas, preciso tirar férias pra sempre do ofício de ser pilar de Zefir 

Invento teus cabelos e, dando uma de Niemeyer, 
Entrelaço-os entre os dedos 
As mechas curam as cinzas dos sonhares acordados 

Mas, se você não quiser vir me ver nos próximos 300 
Continuarei lutando para manter a doçura espartana 
E a ternura de Che Guevara: não o real, mas aquele dos Diários de Motocicleta 

Já cheguei na idade em que, dia sim dia não, posso mandar a realidade se danar 

O espelho me chamou pra sair 
E ele sacou um buquê de erosões 
E assassinou as onerosas cartas de antialforria  
Com tinta imaculadamente ridícula 

Um homem de verdade, 
Me deu uma prova de amor, 
Renunciando ao voto em Bolsonaro 
E optando por voltar no tempo  
E votar em Jair Rodrigues 
Deixando que digam, que pensem, que falem 
Descosturando a censura 
desasfixiando o fio de Ariadne 

Espera por mim, amor 
E toda esquina dos labirintos será saída 
E minha única saída será o risco de te perder 
Se este for o preço de ver o sol 
Pedindo desculpas a Ícaro 
E deixando-o entrar de graça no ônibus 
Pela porta da frente 

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