Grande Rue/Nancy - Foto de Karla Vidal |
Amanhã, quando eu te conheci
Maldição perdeu dicção
E o mar por um de repente
Ficou completamente solo plangente
E se tornou um cobertor de orvalho
Me envolvendo
A mim e a meus não-exércitos sem cavaleiros
Mandei flores pra tua reencarnação passada
Mesmo sabendo que no momento em que nos conhecermos
Vou ser o primeiro vivo da história a ressuscitar
Será que só sou capaz de ser poeta
Porque um lugar entre o Sim e o Não é farol nublado
Plantado nos meus amares revoltos,
Iludindo sereias
Com travo de lua eclipsada na garganta
Minha incorrespondência
Constantemente muda
Não precisa de selo para ser devolvida
Dentro dela uma foto
Sem rosto
Empresta luz ao bater cardíaco da esperança
E tenta segurar uma bolha de cristal
Com cigarras e dentes-de-leão
Já sei que música tocará, ontem, a favor do nosso primeiro encontro
Um canto de grilo em câmera ultralenta
Canto de borracha que semi-apaga
A sombra do esconderijo
Cercado de tiros certeiros
Que nunca nos atingirão
Mas pintaram os murros e os medos
Com ex-tinta e vulcânica ameaça
Fui tanto tempo caça que parece
Que perdi a capacidade de ser alvo
Isso agora será passado
No teu colo amanhã meu sol se pôs
E nos teus lábios ontem haverá de nascer
De vez em quando, parasemprearemos.
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