12 de junho de 2018

Aula de sem julgação de verbos

Grande Rue/Nancy - Foto de Karla Vidal



Amanhã, quando eu te conheci 
Maldição perdeu dicção 
E o mar por um de repente 
Ficou completamente solo plangente 
E se tornou um cobertor de orvalho 
Me envolvendo 
A mim e a meus não-exércitos sem cavaleiros 

Mandei flores pra tua reencarnação passada 
Mesmo sabendo que no momento em que nos conhecermos 
Vou ser o primeiro vivo da história a ressuscitar 

Será que só sou capaz de ser poeta 
Porque um lugar entre o Sim e o Não é farol nublado 
Plantado nos meus amares revoltos, 
Iludindo sereias 
Com travo de lua eclipsada na garganta 

Minha incorrespondência 
Constantemente muda 
Não precisa de selo para ser devolvida 
Dentro dela uma foto  
Sem rosto  
Empresta luz ao bater cardíaco da esperança 
E tenta segurar uma bolha de cristal 
Com cigarras e dentes-de-leão 

Já sei que música tocará, ontem, a favor do nosso primeiro encontro 
Um canto de grilo em câmera ultralenta 
Canto de borracha que semi-apaga 
A sombra do esconderijo 
Cercado de tiros certeiros 
Que nunca nos atingirão 
Mas pintaram os murros e os medos 
Com ex-tinta  e vulcânica ameaça 

Fui tanto tempo caça que parece 
Que perdi a capacidade de ser alvo 

Isso agora será passado 
No teu colo amanhã meu sol se pôs 
E nos teus lábios ontem haverá de nascer 

De vez em quando, parasemprearemos. 

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