26 de dezembro de 2017

Cartão de Natal de um poeta

Foto: Karla Vidal

Por gentileza, desconsiderem a postagem anterior


Cartão de Natal

Metade do que escrevo acredita que deve se calar
Metade acredita que deve gritar só pra uma pessoa ouvir
E metade decide se entregar por inteiro
Até que as entrelinhas façam chegar a ti um carro-pipa, que dê carona às asas do teu sonho

Escrever não consegue apagar o que digo em silêncio
E calar não retrocede o que escrevi

Queria ter o poder de fazer com que meu Feliz Natal
Tivesse a imagem acústica de um Eu quero ser teu (ím)par

Mas, a imagem do que sinto é muda
Quer germinar, mas tem receio de que você deixe de estar presente
Quando me ler

A companhia do outro é um livro que abrimos
Numa página em branco, pronta para ser reescrita

Tem uma pessoa que eu gostaria que me lesse
Com diferentes línguas
E tateasse meus gestos
Até enxergar o que sinto,
E que é ofuscante de tão sutil

Porque desde que o conheci
Todo dia tem sido Ano Novo
E a alegria, a despeito da regra ortográfica,

Tem sido acentuada por sua presença

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