7 de maio de 2017

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Photo credit: Claudia Regina CC via Visualhunt / CC BY-SA



Aorta ou elogio ao inenarrável

Durante um quarto de hora a epifania contou nossa história
A eternidade trocou o dom de durar para sempre
Pela alegria de viajar a sós contigo durante 40 minutos-chuva

Meu sorriso mais libidinoso estava coberto de pureza
E eu querendo que você escrevesse, no meu corpo, uma versão apócrifa do Kamasutra

O mapa Múndi estremeceu de alegria no meu ventre
Quando os hemisférios de nossos lábios se tocaram

Devolve, amor, o outro hemisfério desse beijo
Pra que meu ser seja outra vez sol nascente
No leste,
No oeste,
No viste,
No ouviste
No calaste
Em todos os sentidos,
Em todas as pétalas da rosa-dos-ventos

A horta do meu coração
conheceu o jardineiro mais lindo e

Hoje, a profecia que errava no poema que ganhava um novo verso
Toda vez que alguém o lia
Cumpriu-se

Aquele velho poema fechou suas portas
Mudou-se para este lugar inenarrável
Onde o nome de quem amo coincide com sua presença
Abraçada à minha

Que bom que você esperou por meu segundo abraço
Antes de abrir a porta do carro,
Até o primeiro beijo de amor
Me visitar
[Seu lábios se deixaram roubar]

Foi tudo como sonhei
O antes, o depois
Fui o homem, a mulher, o homo, o hetero, o trans
O corno, a puta, o santo, o devasto
Que sempre sonhei
No instante exato

Todos dizendo Eu te amo
Doce, sem culpa, sem cobrança, sem pressa
Um tesão repleto de letras, ideogramas, braile, hieróglifos
E silêncios
E luz
Como na música que a rádio Recife mandou calar
Naquele instante

Desisti de te pedir em casamento
Prefiro te pedir em liberdade
Até que a sorte nos prepare
Para o que há de vir
Talvez
Por que não?

Não tenho medo, culpa, nem pressa
Estou pendurado no varal da existência
Um sol simples e leve me
Quarando
Minha alma Agrestina
Vê tua alma sertaneja tomando banho de chuva

E perdendo a conta de quantas doses de água ardente tomou

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