18 de outubro de 2015

Poema do Horário de verão

Foto de Luci Correia



Horário de Verão

Por Linardo Kleto

É véspera do dia em que nasci
O horário de verão (ou de outono, dependendo do hemisfério) redesenhando as linhas do destino
No cosmos, no meu rosto, nas mal traçadas palmas de mi manos

Na fila dos amores, tu és o primeiro
Ao mesmo tempo segundo (sol)
E terceiro (dia): ressurreição

O seguinte da fila está a muitos anos-luz daqui
Onde em lugar do meu coração, bate o tédio
Em marcha morna

Só tua arrogante presença, em carne, osso ou perfil facebookiano
Pra fazer a luz valsar, caligrafando os sonhos manuscritos por este rascunho chamado alma

O arrogante mais lindo que a face oculta da doçura já inventou (És)
Teu colo é refúgio para minhas folhas caducas

Descobre em mim, amor
Como o dizer, aparentemente, a mesma coisa (ato falho?)
Pede emprestado à poesia da lua cheia
A inesgotável novidade do eterno retorno

Tu me és tão presente
Te amo em teus 25, 26, 27, 28, 29, 30
E espero que a prorrogação continue
Pois te ver lindo a cada ano que passa
Enche-me de vida súbita

Será que, agora, aos 35 do primeiro tempo
Você vai achar um tempinho pra me amar do teu jeito
Displicente, nômade, ariano?

Quero te dizer que o laço do presente, este ano,
São teus primeiros fios de branco
Charme que seduz o futuro nas linhas de minha mão

E ensina meu cafuné a ler em braile

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