7 de dezembro de 2014

O primeiro bloqueio no Facebook : a gente nunca ex quer ser



A seguir, o relato de uma pessoa que experimentou, pela primeira vez, como é ser bloqueada no Facebook.


Não entendo porque o símbolo de “Bloqueado” no Face é um polegar de ok enfaixado, tendo em vista que depois de ser bloqueado, pela primeira vez, quem ficou doendo mesmo foi meu cotovelo. Mas, se seguirmos a risca a origem da expressão “dor de cotovelo”, ela não é a mais adequada. A timeline não é uma mesa de bar onde os bloqueados ficam com o cotovelo apoiado, chorando dores de amores perdidos.

Entre as origens da palavra ok, a mais plausível é aquela apontada por um antigo professor de Inglês que tive na Cultura: ok, do grego olla kalá, significando “tudo bem”. Mas, existe uma origem menos plausível, mais poeticamente mais rentável. A palavra ok teria sido concebida nos alojamentos militares da Guerra Civil Americana e siginficaria “0 killed” (zero mortos), o que por tabela significava “tudo joia”. Mas, devo dizer que meu O.K. está realmente machucado e que, entre mortos e feridos, salvaram-se quase todos, menos este que escreve. Mas, fico feliz em anunciar que estou ferido, mas não morto.

A ocorrência - Durante toda a era cristã, bloqueei duas pessoas no Face. Uma foi um sujeito que me assediou moralmente (assédio moral = valer-se da posição hierárquica superior para constranger outra pessoa. Não confundir com assédio sexual).

A outra vez que usei a ferramenta de bloqueio foi para tentar me desapaixonar. Apostei na ideia de que se minha indiferença fosse maior do que minha saudade, conseguiria seguir adiante. Afinal, hoje em dia, a saudade parece loucura e a indiferença a condição normal.

Esse segundo bloqueio durou incríveis 23 horas.  Senti falta de digitar a primeira letra do meu amor platônico e ver sua foto de perfil em miniatura.

Finalmente, chegou o momento de eu provar meu próprio remédio-veneno: fui bloqueado. Agora, de certa maneira, não faço parte do mundo, mas mesmo assim com os pés e mãos bloqueados, planejo ir pra um SAMBÃO amanhã na República dos Cães sem Dono.

Pausa para um parágrafo desnecessário: Dizem que, na era da informação, o tempo ideal para rever uma pessoa é um ano, porque, assim, dá tempo de se fazer algum grande feito e não correr o risco de estar à mesa com o amigo e cometer o crime hediondo de ficar em silêncio por falta de assunto.

Todo nunca mais é um tipo de armadura. E tenho usado e abusado dessa armadura, por medo de ser alvo da indiferença. Por que faço promessas ao sempre e ao nunca, se não as posso cumprir? Como devo dizer que gosto de quem me bloqueou se minha mensagem não terá mais direito nem a um “vizualizado”?

Descubro, ao sentir na pele o bloqueio do Face, como é difícil virar EX: ex-marido, ex-namorado, ex-amigo, exilado.


Não sei de onde vem essa bendita síndrome de Estocolmo congênita, que me faz sentir vontade de abraçar o algoz bloqueador. Dizem que outro motivo de bloqueio é o medo, mas rezo todo dia antes de dormir para que meu bloqueador tenha coragem de não ter medo. Não existe Brasil para refugir o triste 1808 que está crescendo em mim após esse bloqueio continental imposto por aqueles napoleônicos olhos cor de vaguidão específica. Contudo ou nada, a maior loucura que posso cometer nesse momento não é imitar Napoleão, mas sim imitar um apaixonado e ficar torcendo pra que o império napoleônico caia e eu possa ver em minha caixa de mensagens um “oi” todo republicano ou um anárquico “senti sua falta”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...