2 de abril de 2021

Sobre o dia da mentira e a semente galáctica

 

                                                              Foto: Karla Vidal


Nunca soube brincar de 1º de abril

Por isso, só deixo um poema me escrever nessa data

Se for pra ser de verdade

Não a verdade enunciativa, que carrega estilhaços de mentira

Herdados das tantas minas nas quais nossa trajetória pisa


Mas, a verdade que é caminho e vida, simplesmente,

Como a música:

Nossos dedos tangem as cordas do instrumento,

Nós ouvimos sua imagem acústica:

Seu sentido é ferida e cura que não se pode atingir

É como estar perto, estando longe

E, mesmo invisivelmente, deixar quem se ama

Abraçado, 

Carregá-lo? Não é bem isso:

Regá-lo, imperceptivelmente,

Pra que a vitória que ele é germine

A importância de ele existir

Sem carecer de prêmio, título 

A humanidade dele é o húmus e o humor que bastam


Não posso ir adiante sem correr o risco de ter de mentir

Pra mostrar o quão verdadeiro é o que sinto pelo você que me lê


Qualquer brincadeira que eu faça

Se for pra ele ficar triste: não quero

Não quero fazer nada

Que seja pra ele deixar de ser minha melhor companhia no recreio

De, mesmo saído mais cedo do colégio,

Querer esperar por mim pra gente ir juntos pra o destino incerto


Falo isso não como adulto,

Mas como semente galáctica amarela:

E, como semente, não se mente

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