Os cinco sentidos estão perdendo o direito à privacidade,
pois o spam tem se tornado um dos sustentáculos dos castelos virtuais. Não o
spam strictu sensu, isto é, as
minipropagandas do tipo “Você ganhou na loteria” ou “Aumente já o seu pênis”. O
spam está passando por um upgrade e deixando para trás os tempos ingênuos das
correntes via-email.
Ver e ouvir perdem em individualidade e ganham o estatuto do
tato e, por pressão (impressão, repressão ou depressão...) das redes sociais tornam-se sentidos que
dependem do compartilhamento para se
efetivarem. Entre o olhar e o ouvir instalam-se intermediários como o Curtir, o
Compartilhar, as Hashtags e, principalmente, os Comments: versões politicamente
corretas do spam.
A medida da visibilidade ou da invisibilidade de um conteúdo
é a medida do seu compartilhamento. Neste sentido, Picasso pode vir a ser, sem
auxílio de um compartilhamento que lhe salve do fluxo ciberespacial, um
desconhecido, bem como uma Clarice Lispector autora de poemas nunca por ela
escritos pode vir a ganhar mais
notoriedade que a Clarice Lispector que
existiu de fato.
E não há como evitar a comparação da timeline do Facebook
com uma queda por um despenhadeiro onde esbarramos em oásis de reflexão, mas
somos atingidos pelas escarpas de reflexões indesejadas.
Certamente talvez, é possível evitar as escarpas por meio de uma
boa gestão das permissões do Face. Mas, como resistir à dúvida cruel de saber
se aquela pessoa bloqueada não pode trazer , de repente, a informação da sua vida,
mesmo que, no último ano não tenha compartilhado nada do seu interesse. Afinal
, como diria a banda WestLife:
“But if I let you go I will never know
What my life would be holding you close to me?”
Esta pergunta está relacionada a uma preocupação com o que
teóricos como Antônio Carlos Xavier chamariam de etiqueta ciberespacial.
Se, no chamado “mundo real”, a etiqueta nos ensina que boa eduação é evitar qualquer tipo de
intromissão na intimidade do outro, no ciberespaço, a regra de “ouro”, ou,
melhor dizendo, de fibra ótica, é a de encontrar a melhor maneira de se
intrometer na vida alheia. Baseado nesta premissa o spam tem se especializado;
tem se tornado instrumental de intromissão na vida do outro. Mas, isto não
precisa ser necessariamente visto como algo aterrador, pois, a criatividade e o
bom senso podem forjar maneiras de nos intrometermos na vida alheia com suavidade,
de leve, como quem pede licença ao orvalho para se refrescar nele.
E, quem sabe, chegará logo o dia em que o spam se tornará uma
ferramenta apta a implementar regras de como definirmos, em conjunto, espaços de
intromissão recíproca. Neste caso, a intromissão será objeto de estudo de áreas
diversas como Comunicação, Arquitetura, Informática, Administração e Artes
Cênicas...
Existem ao menos dois significados plausíveis para a sigla SPAM. Um deles é "Sending and Posting Advertisement in Mass". O outro seria "Stupid Pointless Annoying Messages", que significa mensagem irritante e sem propósito. Uma das supostas origens do termo relaciona-se à marca SPAM, um tipo de carne suína enlatada da Hormel Foods Corporation. O enlatado teria sido associado ao envio de mensagens não-solicitadas devido a um quadro do grupo de humoristas ingleses Monty Python.
Existem ao menos dois significados plausíveis para a sigla SPAM. Um deles é "Sending and Posting Advertisement in Mass". O outro seria "Stupid Pointless Annoying Messages", que significa mensagem irritante e sem propósito. Uma das supostas origens do termo relaciona-se à marca SPAM, um tipo de carne suína enlatada da Hormel Foods Corporation. O enlatado teria sido associado ao envio de mensagens não-solicitadas devido a um quadro do grupo de humoristas ingleses Monty Python.