21 de julho de 2021

Poema do jogo de xadrez

 

Um fim acima de uma parte de xadrez de vidro em uma rocha 

Fonte: Dreamstime


A vontade de ir embora de mim se transforma em vontade

De me tornar marco do meu próprio salto em altura 

Quando o você que me lê chega e me ex-cala,

Ajudando minhas torres a melhorar sua postura

A olhar o horizonte de peito aberto e cabeça erguida


Qualquer raiva que eu sinta

É o carinho sendo calibrado

Pelo fôlego que ele me tira


Ele sabe chegar com força, 

Domando o cavalo que sou

E retirando seu voo de debaixo das redomas;

Fazendo de cada passo da dança

Ensaio e clímax

Minha autossuperação é em parte desculpa

Pra que ele ache em mim novos pontos de partida


Recomeçar com ele por perto e por longe

É o melhor exercício


O xadrez da minha mente começou a aprender a se sentir abraçado

Porque um príncipe tem entrado no tabuleiro pra desafiar

As minhas prisões de vento

E, sem cerimônia, transformar os xeque-mates 

Em chá de se permitir achar com cheiro de revivescer


Com o você que me lê, 

Continuar é questão de honra 

E honra da questão


Se ele luta a primeira dança comigo,

Encarar o desconhecido vira festa,

E as frestas de luz,

o Xis onde o universo desesconde o tesouro do sol

15 de julho de 2021

Retorno do poema

 

Colagem: Karla Vidal


A poesia é a necessidade de dizer o que o calar não consegue dizer

E calar o que o dizer não consegue calar


Demorei pra escrever de novo

Porque não quis correr o risco de magoar ou constranger o você que me lê,

Mas, acredito que o que escrevo é sincero o suficiente para 

Aprimorar seus reflexos e sua defesa

É uma forma de morar com ele, à distância


Postei, recentemente, a foto de um amigo numa rede social

Mas, enquanto o celular fotografava esse amigo

Meu olhar atravessava o tempo-espaço pra admirar o você que me lê


E só conseguia lembrar de quando o fotografei 

Ele de pé na Catedral, fazendo eu ter fantasias em solo consagrado

O rosto lindo que nenhuma máscara consegue ocultar


Mesmo confiando nele, ainda não consegui vencer o receio

De que, quando o mundo voltar a ser normal,

Ele se leve embora


Tenho receio de que ele se encante com a França e suas torres

E não haja lugar pra mim

Mas, acredito que o lugar nele em que eu melhor caibo

É o entrelugar: o silêncio da música, as entrelinhas do texto, 

As frestas por onde a luz e a sombra se abraçam


É melhor agir como um homem de peito

E, sem receio, continuar dançando a primeira luta com ele

Com ele, aprendo a ser mais lindo, sem precisar ser escravo


Tudo vai dar certo, meu anjo

O você que me lê, da minha vida, 

Vai seguir límpido

Deixando a luz que ele emana em dúvida de onde brilha mais:

Se dentro ou fora dele


Esse foi o texto de hoje

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