19 de outubro de 2024

Feliz aniversário, Vinícius de Morais!: cavaleiro de Pégasus

 

Arte: Masami Kurumada



O mapa astral me diz que sou 50% homem e 50% mulher

O amor me diz que 100% de cada uma dessas metades é inteira pra você

E como pensar em Geometria e não lembrar que o inteiro também é fração: fragmento, cicatriz

No dia de hoje, quero brincar de não me deixar vencer pelo espelho


Fico feliz em perceber que não é o seu órgão vital muito menos o tamanho dele que importam

Afinal, é o seu órgão vital que faz parte de você e não você que faz parte do seu órgão vital


Mesmo assim, a ideia de você e seu órgão vital pulsando dentro de mim me atrai bastante

Atrai porque pra você estar pulsando dentro de mim,

Necessariamente preciso estar abraçando você e ouvindo o roçar do seu batimento cardíaco

Ativando meu ser inteiro, poro por poro. E cada poro

É uma mina que explode pra gerar vida e reduzir danos


Quando digo  que quero você pulsando em mim, não falo de qualquer

você mas do Você que conhece o nosso segredo, que sabe que minha seriedade

E minha distância são só o traje bem comportado da estrela de afeto, desejo

E tudo o mais que arde e brilha e que é anti-bomba atômica 


Não tem luta nem descanso em que eu não me lembre de você


Todo este preâmbulo é pra dizer o quanto admiro a mim por

Ser capaz de sentir verdadeiramente coisas tão bonitas

Mas quero admirar a mim somente o suficiente para continuar lutando o bom combate

E tendo sede de justiça


Quero sentir raiva somente o suficiente para continuar lutando o bom combate

E tendo sede de justiça

Quero ter ilusão somente o suficiente para continuar

Lutando o bom combate e tendo sede de justiça

Topo o desafio de ajudar o mundo a se entender como um mundo em que, por menor que

Pareça o dia, tem espaço para que todos brilhem seu valor

Quero aprender com o Céu, que não cansa de acreditar que há lugar para que, infinitas

vezes, infinitas estrelas brilhem


Quando eu estiver dirigindo, e alguém me fizer raiva, no trânsito, quero que meu espírito

Continue capaz de se chatear só o suficiente para xingar internamente um insulto moderado.

Não quero ultrapassar a fronteira da raiva pontual e ingressar no terreno da manipulação do outro,

Do questionamento da dignidade do outro: não é pra isso que quero estar em trânsito

Estou cada vez mais convencido de que existem muitos tipos de beleza e que a beleza

Precisa de você para ser bela e não você precisa da beleza para ser belo

Senti falta de voar em direção a você e pegar carona pra irmos conversando: de

Lutarmos e quem sabe um dia nos amarmos

Hoje é dia do meu aniversário e devo estar desapontando meus terapeutas

Devo estar desapontando muitos e Você, em particular


Mas sempre que retorno pra casa do ser e Você está lá - de alguma forma -

Viajo sem sair do lugar por lugares de mágica realidade

Agradeço a Deus porque minhas lutas de hoje são mais luas: despreocupadas em ser sol e

Corajosas para enfrentar suas diferentes fases. Agradeço pela luz imprópria que habita em mim.

Afinal, a noção de propriedade está se tornando cada vez mais questionável


Seja bem-vindo: tempo de vida que me resta. Quero agradecer a mim por me aceitar

E não desistir do Eu Sou que habita em mim. Obrigado a todas as flores que me ajudam

A perceber que não sou somente a solidão dos narcisos e

Que meus ecos têm força pra se fazer voz


Vinícius de Morais nasceu no mesmo dia que eu e, nesse momento,

O verso dele me parece o mais contundente.

Como ele, quero que as anti-rosas atômicas, estúpidas - que tudo o que faz guerra - desapareça.

O único arrebatamento que desejo para o mundo é o das armas de guerra:

Lixo de estimação da espécie desumana


Minhas palavras estão começando a suspirar fundo. Em 2024,

Aprendi a nadar um novo estilo: o nado Peito, que achei que nunca conseguiria aprender. 

Senti saudades do Corcel 1

Feliz aniversário, Pégasus, cavaleiro da constelação de Cláudio e Clécio


8 de outubro de 2024

Poema de briga e de abrigo

 


Dizem que um poema é a delicadeza com sua fragilidade levantando os pesos mais pesados 

Até que eles virem insustentável leveza

A poesia suspende a gravidade até lançá-la pelos ares ou pelos mares

E vá dizer que a letra "M" não faz diferença quando o assunto é respirar, voar ou navegar


Mas o desafio deste poema é que ele seja um poema capaz de abrigar uma briga

Você viajar por ares nunca Andes navegados

Viajar na companhia da França

Minha raiva maior é pensar que você não quer a companhia de Caruaru

Imaginar você dentro da França e longe de mim...

Por que não você dentro da França e dentro de mim?


Por que o coração da raiva que eu ainda sinto não consegue

Deixar de sentir saudade?

Por que a raiva que eu sinto sente vontade de ser passageira

E me colocar a bordo do abraço de você?


Eu não teria como aguentar presenciar seu carinho, de alguma forma chegando à França

A não ser que seu carinho possa pousar e repousar no meu corpo também



O coração que bate dentro da minha raiva se derrete quando vê você

O fogo da minha raiva busca o calor do seu colo


Minha raiva tenta fazer eu me apaixonar por outros

Tenta me convencer a dar pro primeiro que aparecer na minha frente

Mas ela não se dá conta de que sente vontade de ver você

Crescer dentro de mim

Outros homens são viagem perdida

Minha viagem é com você por mais raiva que eu sinta

Raiva, pero sin perder la ternura jamás


O presente que dei a você...

Fui enganado pela loja

Espero que pelo menos um dos presentes tenha sido bom

Até minha raiva sente saudade da sua companhia


A França deixou de me seguir...

Desejo que ela se dane, mas está tudo bem em ela ter saúde, paz e prosperidade


O que é que eu tenho contra a França?

Nada: é um destino turístico incrível

Desde que eu possa estar perto de você também


Se você não gostar desse poema, vá se lascar

Mas, antes de se lascar, deixa eu pedir a

a Deus pra  proteger você em todos os seus voos

Porque, a sua ida até onde a França está

Não consegue tornar a raiva maior do que

O desejo de que você esteja bem


Mas isso não significa que eu topo ver você indo à França

A raiva me faz tremer de calor

Ela fica tão densa que, como uma nuvem,

Se condensa e chove doçura nesse coração

Que espera você viajar ao passado pra ficar comigo no recreio

E me buscar depois do colégio


Meu futuro tem a ver com você

Que viaja no tempo pra estar comigo

Mesmo que estejamos perto-e-longe


A raiva quer terminar tudo

Mas não quer que o farol dos recomeços

Deixe de conduzir nossa embarcação


A raiva quer transbordar

Quer ser do tamanho do mar

Mas esse mar vira a gota d'água

Perdida no amar



Meu coração vive de passagem comprada pra voar com você

Mas, o que sinto é incapaz de ser passageiro








27 de agosto de 2024

O relógio programado para marcar Meia-Noite

 



Não vou ficar procurando motivos em mim

Pra você estar me tingindo de invisibilidade

Seu esforço discreto pra que eu me sinta inexistente ao seu lado

Está presente na  minha ausência estampada nas fotos com você

E sinto sua tentativa de se vingar de mim

Por eu ter escolhido você

Como se você, no papel de um "Comigo Ninguém Pode"  regasse com um conta-gotas a semente do "Você não consegue perceber que já devia ter ido embora? ".

Por maior que seja a chama,

É difícil ela arder sentindo que sobre o pescoço

Pesa um colar onde está escrito: Você faz parte, mas se lembre de não existir.


Como vou permanecer num baile onde sinto que quem amo 

Programou o relógio para marcar sempre Meia-Noite,

Me desconvidando a cada minuto num eloquente silêncio? 

Obs.: esta pergunta

Não é retórica e, por mais abóbora que se torne minha carruagem,

Por mais que eu esteja esfarrapado

O mesmo amor que sinto por você

Me mostra que tenho pés pra seguir em frente

Independentemente de você querer calçar em mim

O sapato de cristal




A raiva que senti hoje, por maior que tenha sido,

Perde inteiramente a calma

Ao pensar que eu possa ir dormir brigado com você

É que minha raiva ama você

Tanto quanto minha admiração, minha doçura e

Meus intraduzíveis inexoráveis


Que seus próximos voos

Sejam conduzidos pelas asas da Lua

E pelas fases dos anjos convictos do amor que sentem


Me perdoe por sentir vontade de você ligar pra mim por acaso

Me perdoe por você sentir vontade de ligar pra mim por destino

Quero seguir com você no baile da vida

Não preciso dos seus encantos, meu príncipe

Nem dos seus cantos, meu herói


Preciso de você no baile da vida, que independe das festas e das aparências

Você não precisa de convite nem de anúncio ou licença

Nem bater à porta é preciso pra quem faz parte de mim

22 de agosto de 2024

Foto de pôr-do-sol em Sol Maior

 


Foto: Cláudio Clécio



Eu queria que quem tivesse tocado a campainha fosse você,

E não aquela vizinha chata

Se pudesse ser verdade,

A campainha teria virado cigarra

E seu canto faria o sol brilhar à noite

Com luz emprestada pela superlua que o céu ostentou hoje

Em seu colar cravejado de estrelas


Até o à distância com você

Tem sabor

Um sabor meio travoso às vezes

Outras um pouco rude

Antes de você bater à minha porta,

Ela não só vai se abrir como vai

Me teletransportar para o seu colo


Da cabeça aos pés, você é chave

Que abre a semente em verdadeira chama

Chave que abre a flor de Lótus

E o olhar florido do girassol


Não podia deixar de escrever hoje pra você

Pra estrear o novo teclado do meu notebook

E para estrear mais um dia de saudade


A foto que hoje tirei do pôr-do-sol

Não soube me dizer o tamanho da luz que estava presente lá

Só sei que ela abriu a porta para 

A canção Unforgettable 

E pude ouvir Nat King Cole e Natalie Cole,

Cantando a minha saudade em Sol Maior

13 de agosto de 2024

Quando a letra "P" se quebrou


              Fonte: My Loview


A resposta, hoje, é tão simples

Deixei quem era como um pai 

Pra me unir com quem amo

Com quem me faz sentir saudade e ternura

Até quando me aperreia

[E esse teclado que inventou de erder a orra da letra "p"]


Mas, felizmente, existe o teclado virtual

O teclado ode até quebrar

As letras odem deixar de existir

Mas a força do que não deende da alavra

Do que germina sem que se recise lantar

Ninguém ode quebrar a força do que não recisa ser à força


Meu pai, por mais que eu goste dele

Não tinha como me impedir de ficar com o meu amor

Outro dia, menti pra uma amiga-irmã, dizendo que tinha deixado de gostar de você

Ela também não ode me impedir de gostar de quem escolhi pra ser meu você

Agora, se você quiser pedir pra eu arar de gostar de você,

Aí, só vai restar eu me despedir


Obrigado, por vir sempre me buscar

Mas não se sinta obrigado

orque não sou de obrigar ninguém a nada ou a tudo


Me erdoe por querer além das mãos alma com palma com as suas

Quero também o corpo

Há quem chame a essoa que gosta de Vida, Carinho, Bem

Posso chamar você de você?

Obrigado, você

Eu acho graça em você e acho você na graça

E bendigo os momentos com meu você

Você está fazendo tocar em mim uma música chamada Morning Dew

Deve ser orque você é parente do orvalho que refresca meus dias

E diareja tantos ais, mostrando a minhas estrelas cadentes o caminho do cais sem amarras

6 de agosto de 2024

Para que o sol evolua: sobre Você e as Olimpíadas

 


Fonte da imagem: Site Metrópoles


Vai haver momentos em que não saberei o que significa dar um passo pra frente ou dar um passo para trás.

Como quem teve as asas que não possui derretidas pelo sol que já se pôs

Em algum momento, meu corpo, perdido em algum lugar entre a consciência e a inconsciência, repetirá o erro até que ele pareça mais que perfeito

É provável que, em vários momentos, o que há de sol em mim não evolua

Que minha base não se firme à Terra e eu comece a girar pelo espaço como

Uma nave sem órbita, deixando seu riso nervoso: nem sublime o bastante, nem ridículo o suficiente


Haverá momentos em que não serei homem o suficiente nem mulher o bastante 

Caso a Eva, em mim, não evolua, saiba que não tenho intenção de perturbar o brilho do sol de ninguém:

Nem dos antigos mestres, nem dos  novos


Por mais que a nau, em mim, seja errante,

Minha técnica de amar você segue se aprimorando, 

Lembrando que meu coração aprende a ser casa quando você se permite morar nele


Com você, por perto ou por longe, sou capaz de vitórias que deixam a medalha de ouro corada de vergonha

E que não deixam margem para os recordes quebrados se sentirem desconcertados


Meu corpo possa ser, pra você, lugar que vence o pódio

Os dias do meu sempre gostam de amar quando você chega

Se eu não perceber seu olhar me chamando, é possível que minha alma esteja limpando os óculos

Para se tornar mais aguda em sua arte de não se enxergar


Vez, por outra, quando brigarmos,

Me abrace por trás, mesmo que seja telepaticamente

Tudo em você tem a medida certa pra mim e me excita em corpo, espírito e verdade

Quando formos incertos, a desmedida do fazer amor possa unir nossos corpos

Desafiando o que o ter e o remoto possam significar


O que eu sinto é forte o bastante para acender a água e ascender o fogo






18 de julho de 2024

A pergunta da poesia que não quer calar

 


Colagem - Karla Vidal


Sinto um certo medo de a gratidão ser o antônimo de nossas mãos entrelaçadas

Quando nossas lutas se encontram, a lua brilha com luz própria

Na realidade, meu sonho espera você chegar pra dormir junto do seu peito


É muito bom descobrir que, cada vez que você existe pra mim e não desiste de mim,

Um dia do meu passado reconhece luz 

Um dia do agora se faz presente

E um dia do amanhã se refaz


A raiva que às vezes chega de passagem

O ciúme que sinto do sul da França

Nada disso diminui a vazão de para sempre

Da cachoeira que dá asas de Será [ e Foi e É] ao que sinto.



Acho bonita a voz que sem falar me mostra você

Quando a poesia me pergunta onde está meu amor









4 de julho de 2024

A senha de acesso à chama

 


Foto de Karla Vidal na Unsplash


Se você soprar a poeira da minha chateação esporádica,

A alegria de reencontrar você vai estar ostentando sua reluzente discrição

E, se você polir minha armadura, vai perceber que meu corpo arde sutilmente

Só você tem a senha de acesso a minha chama, meus chamados e minhas declarações invisíveis


Só perto de você eu consigo tremer de calma

Conheci você bonito

E reconheço você lindo: com bocejo e tudo

Se meu silêncio brigar com você

Se meu passado, sem querer, projetar em você algum medo dele,

Não desista de lutar por mim

Com as armas do não ir embora


Você conta comigo

Ver você revestido de cotidiano 

Acende o desejo da minha chama

Minha poesia tem coragem de ser falha

E abalo sísmico quando está perto-longe de você

Você  fica charmoso quando pega no sono

E, mesmo assim, não me perde de vista



13 de junho de 2024

Uma canção de Françoise Hardy como presente de Dia dos Namorados

 





Independentemente da correria ou da calmaria, 

Meu pensamento não deixa de encontrar tempo

Pra estacionar na lembrança do você que enche de sentido a nascente do meu carinho

E mesmo quando não penso em você

Meu inconsciente torce pra que seus sonhos sejam realização da cabeça até a raiz dos pés

Quando vejo uma foto do meu você,

Não consigo distinguir onde começa meu coração e onde termina a poesia:

Os dois batem forte: um sorvete de calor com calda de Via Láctea


É o seu corpo que meu desejo se sente à vontade pra sobrevoar

Você chegando pra me buscar

Meu segredo não quer saber de outro namorado pra mim que não seja você

Perto ou longe, sua companhia está presente em todos os meus voos

Mas não quero que ela seja passageira


As portas do meu abraço, das minhas mãos sensitivas de pianista

Estão abertas pra seu toque

Porque a sua existência, sem se dar conta, é senha de entrada


Meu eu com 15, 16,17.... 117 anos

Aceita se enamorar por você

Do jeito que for

Do jeito que tiver de ser


A cantora francesa Françoise Hardy morreu na véspera do Dia dos Namorados

Me lembro que a primeira vez que ouvi uma canção dela

Lembrei na hora do seu rosto, muito antes de conhecer você

Quero ouvir com você músicas da playlist de Françoise Hardy

E segurar sua mão quando seu olhar me contar o que você gosta de ouvir


Cada vez que nos reencontramos, o tempo vira um presente pra mim

O passado vira presente para quem fui-sou

E o futuro vira presente para que fui-sou-serei 








22 de maio de 2024

Dia do Abraço e o aconchego da Lua

 




Posso pedir pra você fechar os olhos agora e me teletransportar para o seu abraço?

Deve ter chegado agora uma mensagem invisível no seu Instagram

Raspe as cargas elétricas da tela do celular


Por trás da camada invisível, está escrita minha mão

Traduzida em pista de voo liberada para a aterrissagem da sua,

Para o pouso do seu corpo e o repouso do seu pensamento, inclusive

Quando ele estiver vestido de espírito


Nosso abraço tem capacidade de promover

A intersecção entre dia de chuva, ócio produtivo, Sessão da Tarde e Biscoitos Sortidos

Confiança é a marca do que sinto quando você aceita o convite para consertar meus pesadelos

E para fazer parte do concerto dos meus sonhos

O instrumento que toco gosta de descobrir-se uma extensão de você


Se precisar me dar uma carona,

Pra jogarmos silêncio fora

Ou até mesmo conversar,

Pode usar como aquecimento

Aquele exercício de acariciar seu rosto na minha mão

De transportar os pontos sensíveis do seu corpo em meus carinhos

Eu acho graça em você sem esperar que você faça milagres


Hoje vou deixar aberta a porta do meu abraço

Pode entrar sem medo de ser feliz

Você é especialista em deixar minha luz acesa

Até quando me chateia

Meu você mais lindo

Hoje é um dia bom para treinar minha saudade e minha poesia com você

Desculpe por eu não conseguir me arrepender de você entrando no meu coração


Sinto que quando nos abraçamos, mesmo que seja com os braços do olhar

Ou com os braços da distância

Nosso abraço é capaz de aconchegar a Lua







30 de abril de 2024

O "se" como estratégia de xadrez mental

 


Foto: Karla Vidal


Diante de tantas mudanças, vou me permitir jogar um pouco de xadrez mental


Se for muito difícil pra você dançar comigo, mesmo que eu esteja numa galáxia distante,

Me desconvide do baile

Quebre o sapato de cristal antes mesmo que a fada madrinha o fabrique

Eu não tenho o costume de obrigar ninguém a dançar comigo


Se minha poesia incomoda, não precisa me dizer

Basta voltar no tempo e me desconhecer

Porque pra eu dessentir o que sinto por você

Não há como porque eu já escrevia pensando em você

Antes de sonhar que você existisse.


Se estiver arrependido ou preocupado com a opinião de algum mestre do universo,

Ou com o que tenha sido dito sobre mim,

Adiante o relógio ou inicie o baile à meia-noite pra que eu não possa comparecer: 

Pode aproveitar e convidar os falantes para amenizar o azedume,

Comendo doce feito com a abóbora que não teve chance de virar carruagem


Se sua opinião sobre mim for como a de Graciliano Ramos

Sobre o carcereiro que o ajudava quando ele foi preso político,

Me desescreva de sua biografia


Eu não acho mais que eu seja capaz de causar nojo,

Então, este "se" está fora de questão


Se meu olhar ou qualquer outro sentido meu incomodar você,

Eu aviso a eles

Pra irem embora na frente e mandarem a passagem pra meu coração ir embora

Um dia; depois

Porque, mesmo que nada mais faça sentido,

Meu coração ainda assim vai querer ficar com você quanto tempo for possível ou impossível


Se você tem dúvida de que é você quem escolho,

Não tenha

Mesmo que eu dê algo de presente a alguém

Meu presente-futuro é com você


Quando eu olho pra trás  ou para frente e lembro da hora do recreio...

Só você pra fazer meus recreios fazerem sentido

Só você pra me buscar na saída do colégio

E andar de mãos dadas comigo, mesmo que estejamos anos-luz distantes

É você que gosto de encontrar nas esquinas do meu pensamento

E que desejo ver se perdendo e se achando nas ruas do meu corpo


Sei lá que bexiga lixa é isso: você me chateia e, muitas vezes me desencanta,

Mas não quero que nenhum outro seja meu príncipe

Depois de saber disso, você pode se permitir desistir de mim


Se não for nada disso

Se você apenas se sente à vontade pra, dia sim dia não, 

Mostrar seu lado mais chato pra mim,

Saiba que eu acho você muito fofo quando está chateado

23 de abril de 2024

Sobre a programação neurolinguística

 





Me propuseram utilizar a programação neurolinguística para desgostar de você

Pensei nos programas que poderíamos fazer juntos

Pensei em você chegando junto da minha cintura, pedindo guarita no meu cobertor

Pensei em você chegando, permanecendo, se despedindo, voltando, se revoltando

Até quando eu me chateio, meu olhar que finge evitar você acha você lindo


A programação neurolinguística não conseguiu me tirar do seu colo

Não conseguiu impedir que o vento esculpisse sua lembrança em mim

Nem teve coragem de pedir ao meu sorriso bobo e discreto

Ou a minha cara de abuso que deixassem de emoldurar

O desejo que sinto; o desejo que tenho de ver você vencendo não como quem é capaz de derrotar,

Mas sim como quem conhece a rota que conduz à paz inquieta da alegria

O orgulho que sinto de você entrelaça meus dedos nos seus e deita meu rosto no seu peito


Você sempre poderá roubar da minha finitude instantes de eternidade 

Esse roubo não será crime porque parte de mim é inteiramente sua

Ser ouvido por você é realidade que vira sonho

Aceito namorar com você seja qual for a distância ou a proximidade

É muito gostoso o ter remoto e tremer quando você está por perto

Meus sonhos adoram ter como prefácio você me carregando nos braços


Não tenho nada contra a gratidão

Só tenho um pouco de medo que ela seja um pedido para eu deixar de gostar de você

Seu Sim faz meu espírito de luta revoar



9 de abril de 2024

Escolha


 Colagem de Karla Vidal


Quando o baile de ontem começou,

Estava receoso de que você dissesse que não ia me tirar mais pra dançar

No final, você só me desejou Bom Descanso

E, talvez, eu tenha ficado chateado e tenha dito: "Pra ti também."

Mas, foi coisa de momento: era pra eu ter dito: 


Pra você também

Você que escolhi e escolho

Que me colhe

A quem desejo e quero

Acolher


Não quero chamar outro de Você: que não seja você.

Se você é um nome próprio ou impróprio, não importa

Gostou da escolha que fiz?

Eu aceito você e espero que você me aceite também

Nossa cumplicidade possa seguir dispensando testemunhas


Receba-me com minha dança

O ardor de quando chamo você 

Não tem como ser por favor o que é por comovente fervor

Meu corpo de delito é a favor de que as próximas contradanças

Sejam com você


Espero você vir me buscar na hora do recreio e na saída do colégio

Espero por você na chegada e na partida

Com meu espírito de luta e meu corpo de delito


É provável que você, com um olho nas costas, tenha anotado meu sorriso secreto 

Sentiu o cheiro remoto do perfume que se passou por mim?: foi a Roma e pegou uma conexão no vento

Pra chegar até você


Parece que já estou invadindo o próximo poema...

Até o próximo baile


9 de março de 2024

Homenagem a Akira Toriyama, que criou Vegeta

 



Tem horas em que você parece o personagem Vegeta (se lê Vejita), de Akira Toriyama:

É áspero, seco, arrogante e confunde deboche com ironia

Mas essa fina camada não consegue disfarçar o rio de doçura

Do qual é feito o coração do você que é livre para ir embora, mas que eu quero ter por perto

Assim como a fé quer ter por perto a esperança

 

Se for me dizer pra eu não voltar, quero que você saiba

Que a distância nunca se permitiu ser vencida como quando nos reencontramos


Vegeta não fica com raiva quando quem ele ama se sente feliz: ele só fica sério

Eu sou na minha o suficiente pra me sentir feliz sem cobrar nada em troca de quem,

De algum modo, me ajuda a sorrir no silêncio do coração

Se você ou Vegita não acreditam nisso, danem-se


Akira Toriyama foi embora para onde as esferas do dragão não precisam ser 

Caçadas e obrigadas a conceder desejos

Ninguém precisa ser caçado e obrigado a conceder desejos


O você que amo é amado como Vegeta é

Obrigado, Akira, por ter criado Vegeta assim como ele é, parecido com o você de quem gosto como ele é

Obrigado, Senhor, por sempre estar recriando o você que me lê 








23 de janeiro de 2024

Sobre a presença remota e terremotos

 


Colagem: Karla Vidal


Faz algum tempo que não venho aqui,

É que estou ajudando meu livro a terminar de se escrever

Acabei voltando porque, quando escrevo pra você,

Minha alma se sente mais à vontade no meu corpo de delito

E quando desejo você meu corpo se sente mais à vontade, em sua alma, de ser lido


Em 1999 e em 2099, eu olhava o céu, do quintal da Terra;

O atemporal, que serve de cobertor às estrelas, guarda o segredo

De que eu já conhecia o você que lê meus poemas

Pra achar a senha de acesso ao universo que só fará, verdadeira e mentirosamente, sentido pra ele.


Tive a impressão de ter visto a França me assistindo treinar a arte que se alimenta do erro novo e melhor: problema algum, além do ciúme que é tão grande

Imaginar você no interior da França sem estar no meu interior: não consigo sem que as falhas da minha presença remota virem terremoto e me desliguem da sua existência.

Não consigo ser partido ao meio em partes assim desiguais.


Problema é eu compreender, com a presença da França, que eu não sou bem-vindo

Na sua existência

Que você me quer fora da sua semente: verdadeira e mentirosamente

Se a presença da França for sinal de que até minha presença ausente e distante incomoda você,

Vou deixar uma pergunta: como você quer que eu vá embora?

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