23 de janeiro de 2024

Sobre a presença remota e terremotos

 


Colagem: Karla Vidal


Faz algum tempo que não venho aqui,

É que estou ajudando meu livro a terminar de se escrever

Acabei voltando porque, quando escrevo pra você,

Minha alma se sente mais à vontade no meu corpo de delito

E quando desejo você meu corpo se sente mais à vontade, em sua alma, de ser lido


Em 1999 e em 2099, eu olhava o céu, do quintal da Terra;

O atemporal, que serve de cobertor às estrelas, guarda o segredo

De que eu já conhecia o você que lê meus poemas

Pra achar a senha de acesso ao universo que só fará, verdadeira e mentirosamente, sentido pra ele.


Tive a impressão de ter visto a França me assistindo treinar a arte que se alimenta do erro novo e melhor: problema algum, além do ciúme que é tão grande

Imaginar você no interior da França sem estar no meu interior: não consigo sem que as falhas da minha presença remota virem terremoto e me desliguem da sua existência.

Não consigo ser partido ao meio em partes assim desiguais.


Problema é eu compreender, com a presença da França, que eu não sou bem-vindo

Na sua existência

Que você me quer fora da sua semente: verdadeira e mentirosamente

Se a presença da França for sinal de que até minha presença ausente e distante incomoda você,

Vou deixar uma pergunta: como você quer que eu vá embora?

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